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segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Realizar o sonho ou ganhar dinheiro?

Max Gehringer

Há sete meses sou estagiária de uma empresa, mas obtive uma proposta muito interessante para estagiar em outra, de maior porte. Meu supervisor atual me disse que só poderá me liberar em 30 dias, o que me impediria de aceitar a proposta. É isso mesmo, sou obrigada a acatar?
A resposta simples é “não”. Legalmente, você pode terminar o contrato quando quiser e sair de imediato. Porém, há detalhes a considerar além do aspecto legal. Um contrato de trabalho é assinado por duas partes (empregado e empregador). Um contrato de estágio é assinado por três partes (empresa, estagiário e instituição de ensino). Se a empresa na qual você é estagiária tem um acordo com sua escola, sua saída abrupta poderia levar ao rompimento desse acordo, e isso prejudicaria colegas seus. Por outro lado, se você romper o contrato com a empresa sem falar com sua escola, o responsável pelos estágios poderá se negar a assinar o contrato com a nova empresa. Escolas não são obrigadas a assinar compulsoriamente esses contratos, e algumas impõem condições para fazê-lo – como notas, faltas ou comportamento do aluno. Você não está apenas diante de uma decisão de mudar ou não. Está diante de algo que vai ocorrer muito em sua carreira e terá influência nela. Mais que decidir, você precisa mostrar habilidade para administrar uma situação que vai desagradar a alguém.
Meu sonho sempre foi ser professora, mas tenho um emprego de vendedora e ganho o dobro do salário de um professor. Não sei se faço o que gosto ou o que me paga melhor. O que você faria?
Eu não desistiria do sonho, mas o adiaria. Você precisará cortar seu padrão de vida pela metade caso se decida pelo magistério, e isso normalmente traz arrependimentos a médio prazo. Há outro ponto: se você mudar e ficar fora do mercado de trabalho por dois ou três anos, a volta será complicada. Muitas pessoas decidiram trocar o dinheiro pelo sonho e se sentem felizes e realizadas. A diferença é que essas pessoas não ficaram em dúvida, o que não é seu caso. Quem faz a pergunta que você fez intimamente já sabe a resposta.
Fui recém-promovido a chefe, mas deparei com um problema. Sempre fui amigo de meus colegas. Agora que se tornaram meus subordinados continuam me tratando igual. Se peço urgência numa tarefa, ouço uma gozação. Isso é falta de liderança?
Não. Por enquanto, é apenas falta de conversa. Você precisa chamar cada um de seus amigos subordinados para um papo sério e deixar claro que você continua o mesmo, mas a situação agora é outra. A empresa depositou em você confiança para exercer um cargo de chefia. Se continuar a ser tratado mais como amigo que como chefe, é provável que você perca o emprego. Aí, certamente, seus colegas perderão um amigo. Nessas conversas, solicite a compreensão de cada um. Explique que você não deixará de ser um chefe amigo, desde que seja respeitado como um amigo chefe. Os que não entenderem não merecem ser subordinados. E os que deixarem de ser amigos só porque você virou chefe não mereciam sua amizade.

Fonte: Revista Época http://revistaepoca.globo.com/