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segunda-feira, 28 de maio de 2012

Jovens não sabem lidar com assédio moral no trabalho

Rachel Sciré

Abuso de poder, ameaças, falta de respeito. Quem já passou por situações assim na empresa sabe o quanto é difícil encará-las. Imagine então se isso acontece logo no início da carreira? Em uma pesquisa realizada na Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP, entre 2009 e 2010, a psicóloga Samantha Lemos Turte avaliou situações de assédio moral vividas por jovens trabalhadores e chegou à conclusão de que eles não só estão expostos a situações de violência psicológica no trabalho, como não sabem lidar com elas. “Esses acontecimentos costumam ser naturalizados e banalizados no ambiente de trabalho, como se fossem parte da realidade profissional”, explica.

A violência psicológica no trabalho abrange manifestações como assédio moral, intimidações, ameaças, assédio sexual. Os abusos podem incluir a prática de injustiças, comportamentos hostis, preconceituosos ou obscenos. No caso dos 40 jovens com idade entre 15 e 20 anos que participaram da pesquisa, foram relatadas atitudes constrangedoras, humilhações, abuso de poder e exploração.

Na entrevista a seguir, a autora fala mais sobre o tema e comenta o estudo, disponível na íntegra no banco de teses da USP. Confira!

Como identificar o assédio moral no trabalho?
A violência psicológica e o assédio moral no trabalho costumam ser caracterizados por atos injustos ou ilícitos, com uso intencional de poder (incluindo ameaça de força física) contra outra pessoa ou grupo. Por exemplo, situações de agressão verbal com o intuito de humilhar ou comportamento ofensivo que desqualifica ou desmoraliza o trabalhador, além de assédio sexual. Estes abusos no local de trabalho envolvem, portanto, comportamentos hostis, tanto verbais quanto não-verbais.

Quais os comportamentos mais difíceis de identificar?Os não-físicos,ou seja, psicológicos e emocionais, que, de acordo com os autores que são referência no estudo da violência psicológica, são mais frequentes, mais socialmente aceitáveis e geralmente sutis, mais difíceis de documentar, tendo um impacto cumulativo.

Quais as principais situações de violência entre os jovens profissionais?Foram relatadas inúmeras situações de humilhação, abusos de poder, constrangimentos e, inclusive, assédio sexual pelos jovens participantes do estudo. Elas foram vividas ou presenciadas e partiam tanto de colegas de trabalho quanto de superiores hierárquicos.

Os trabalhadores jovens sabiam reconhecer a violência psicológica no cotidiano das empresas?Dificilmente eles consideravam as situações abusivas vivenciadas e presenciadas como violência psicológica ou assédio moral porque eram termos novos ou desconhecidos para eles, mas quando perguntados diretamente sobre a ocorrência de alguma situação em que se sentiram humilhados, desrespeitados, constrangidos, surgiam os relatos.

Esses abusos estão relacionados a pouca experiência dos adolescentes com as práticas do universo corporativo? Eles são cometidos, da mesma maneira, com profissionais mais velhos?Não acredito que estas situações ocorram apenas com trabalhadores que estão iniciando a vida profissional. A violência psicológica dissemina-se por todos os tipos de relações profissionais, por ser ainda um fenômeno tão pouco conhecido. Muitas vezes, com profissionais mais velhos, ela assume formas de expressão sistemáticas e intencionais, caracterizando o assédio moral. Tanto a violência psicológica quanto o assédio moral são extremamente nocivos à saúde dos trabalhadores.

Por que acontecem com tanta frequência?
Devido à naturalização e banalização das situações, que passam a ser encaradas como parte integrante da vida profissional.  Ao questionar as ocorrências abusivas, muitas vezes os jovens ouviam respostas como “trabalhar é assim mesmo” ou “tem que aguentar, porque todo mundo aguenta”.

E o que eles faziam a respeito, quando se sentiam violentados ou abusados?Fingir que nada estava acontecendo e não contar para ninguém foi a resposta mais frequente dos jovens. Alguns afirmaram que procurariam resolver a situação conversando ou levando o caso para a chefia. Outros disseram que não saberiam o que fazer, caso tivessem que lidar com um processo de assédio moral. O foco maior dos jovens ficou na postura que a pessoa deveria manter para afastar a possibilidade de assédio, especialmente “não dar liberdade” para que falassem da vida pessoal e respeitar a si mesmo e aos outros.

Quais as consequências para um profissional que passa por essas situações logo no início da carreira? As primeiras consequências notadas entre os profissionais que passam por tais situações são a desmotivação com o trabalho, efeitos negativos sobre a autoestima e segurança. Com a recorrência de situações de violência psicológica ou a caracterização do assédio moral no trabalho, estudos científicos nacionais e internacionais sobre o tema revelaram que muitos dos trabalhadores que vivenciaram esta forma de violência desenvolveram sintomas de síndrome de estresse pós-traumático, insônia, melancolia, apatia, dificuldade de concentração, fadiga crônica, dores dispersas, sociofobia, depressão, compulsões, sentimentos de impotência, raiva, ansiedade e desespero.

Qual a recomendação para os jovens que precisam lidar com essa situação?Embora nem sempre só falar o que está acontecendo resolva a situação, essa atitude fortalece o profissional para lidar com a violência psicológica, porque ele passa a sentir que tem apoio, sente-se mais confiante e não sofre tanto. Dessa maneira, ele tem força para ser mais criativo e encontrar saídas alternativas para o problema. Portanto, procurar ajuda de amigos, familiares, colegas de trabalho, chefes, ou profissionais como psicólogos pode ser uma forma de começar a resolver o problema. O que não se pode é ficar sofrendo sozinho!

Fonte: ClickCarreira

terça-feira, 22 de maio de 2012

Aprenda a se defender do bullying corporativo

Julia Viana
Humilhar, abater e desmotivar – ações que normalmente não associamos ao mercado de trabalho acontecem todos os dias nas empresas. Os nomes são muitos - assédio moral, mobbing ou bullying – mas a degradação causada é a mesma.
Os motivos que levam a essas situações são vários. Inacreditavelmente, ainda há empresas que acreditam que podem se beneficiar do assédio de um gestor, por exemplo, e acabam sendo permissivas com casos em que o chefe pressiona a equipe exageradamente para aumentar a produtividade. “No longo prazo, no entanto, o assédio nunca traz benefícios”, explica Aghata Alves, gerente de treinamento, desenvolvimento e qualidade de vida da Aon Consultoria. “Com o tempo, a produtividade de quem sofre o bullying cai. A pessoa pode até adoecer.”
Quem pode ajudar  - Definir bullying ou assédio moral não é fácil. Como explica Agatha, o limite de uma brincadeira ou uma chamada de atenção é muito individual. “A humilhação está no limite do outro. Cada um tem um conjunto de crenças e valores, então é uma questão delicada”, explica.
Segundo Andréia Garbin, chefe da divisão de saúde do trabalhador e meio ambiente da prefeitura de São Bernardo do Campo, quem sofre não deve conversar diretamente com quem pratica o bullying. A orientação é para que a pessoa procure setores na empresa que possam ajudar, como o RH ou áreas médicas. “O RH é onde a vida do funcionário é organizada e funciona como um setor de mediação, com acesso a todos os setores”, explica. Segundo ela, lá existe condição de programar ações para minimizar conflitos. “Em alguns casos, a pessoa fica tão frágil que chega a adoecer. Aí é bom que se dirija a um médico.”
Andreia lembra um caso em que um funcionário estava se sentindo ameaçado pelo gestor: “Houve um momento em que ele cansou e foi falar com o diretor da empresa”, conta. “O diretor, por sua vez, veio pedir ajuda ao RH”. Juntos analisaram o episódio para solucionar o problema.
Ela ressalta ainda que, mesmo quando as pessoas tentam solucionar o problema do assédio e não ficam passivas, existe uma barreira para lidar com o assunto: “Muitas empresas não dão atenção às queixas. Como o tema está em alta, muitas vezes ele acaba sendo banalizado”.
Ajuda externa - Quando há dificuldade de falar sobre a violência dentro da empresa, pode ser o caso de buscar ajuda externa. “As queixas também são acolhidas nos sindicatos, no Ministério do Trabalho, no Ministério Público (na área da saúde)”, informa Andréia.

segunda-feira, 14 de maio de 2012

11 hábitos de pessoas muito improdutivas


Christian Barbosa, especialista em gestão do tempo, lista quais as atitudes que mais fazem você perder tempo no trabalho.


De aplicativos a métodos para lá de sofisticados para tornar o tempo mais rentável: nunca os profissionais tiveram tantos recursos para gerir a maneira como utilizam as horas, minutos e segundos que recheiam o expediente. Mesmo assim, muita gente ainda vive uma agenda caótica e um fim de mês de poucos resultados.
Confira abaixo quais os hábitos que mais contribuem para este cenário:

Hábito 1 Deixar a vida os levar

O principal erro de quem não consegue manter a agenda (e a vida) em dia é não planejar. “É aquela pessoa que faz tudo de última hora e não prevê o que pode acontecer”, diz o Christian Barbosa, especialista em gestão do tempo e fundador da consultoria TRIAD PS.
De fato, ao longo do dia (em alguns setores mais, em outros menos) imprevistos acontecem. E isso sempre determina um novo arranjo na ordem de prioridades. O problema não é este tipo de dinâmica, mas sim não controlar os itens que já são conhecidos previamente.
“Para planejar, você não precisa saber tudo que irá acontecer, mas pelo menos uma parte”, diz. “Se você nunca sabe nada, acaba não andando para frente, apenas patinando”.
Como mudar? Não se atenha apenas ao planejamento do dia seguinte. No mínimo, planeje os três dias que se seguem. Jamais lote sua agenda de compromissos, deixe sempre um espaço para imprevistos. Se você trabalha oito horas por dia, por exemplo, comprometa apenas de quatro a cinco horas. Dedique o tempo restante para aquilo que não estava no seu calendário previamente.
Hábito 2 - Acreditar que tudo é para ontem

Por não olhar de uma maneira criteriosa para o próprio tempo, há quem veja tudo (e todos) como prioridade. Resultado? “A pessoa faz tudo e lota sua agenda de coisas desnecessárias”, diz Barbosa.

Como mudar? Tenha uma postura crítica diante de cada demanda que cruza seu caminho. “Atividades importantes estão relacionadas com tempo e trazem resultado. As urgentes têm de ser feitas imediatamente. Essa diferenciação é vital”, diz.

Hábito 3 Subestimar as ferramentas de produtividade

Atire a primeira pedra quem nunca começou e abandonou rapidamente um novo aplicativo ou estratégia para gerir melhor o tempo. Mas, de acordo com o especialista, este é um outro deslize clássico de quem não consegue manter a vida em dia.

“Não é com duas ou três semanas que seu cérebro será treinado. Os resultados aparecem só a partir da quarta ou quinta semana”, diz o especialista.

Como mudar? Encare com mais seriedade (e estratégia) as ferramentas de produtividade (como agenda e aplicativos de gestão do tempo). Firme um compromisso com você mesmo de usar um (e apenas um) deles. Para tirar o máximo de vantagem destes programas, siga algum método de gestão do tempo.

Hábito 4 Supervalorizar o e-mail

Checar o e-mail toda hora, responder todas as mensagens sem qualquer critério é a senha para se perder no trabalho.

Como mudar? Determine horários para checar seus e-mails de acordo com sua rotina de trabalho. Não se renda à tentação de abri-lo a todo momento e responder todas as demandas.

Hábito 5 Ser viciado em redes sociais

De acordo com pesquisa da Triad, 85% dos profissionais brasileiros acessam redes sociais durante o expediente. Segundo Barbosa, não há nenhum problema neste hábito. “Não sou contra as redes sociais, entre uma tarefa e outra você até pode ver. Mas fazer isso com frequência pode te prejudicar”.

Como mudar? Assim como com o e-mail, determine horários fixos para acessar as redes sociais. E não se renda a tentação de sabotá-los ou estendê-los.

Hábito 6 Espalhar todas as informações

Agenda, post-it, lista de tarefas do Google, aplicativos. A lista de recursos para tornar a vida mais organizada é imensa. Mas o excesso deles na rotina pode atrapalhar. “Tem gente que coloca tudo o que tem para fazer nestas várias ferramentas. E, porque fez anotações em locais obscuros, não consegue se planejar direito”, afirma o especialista.

Como mudar? Foque em apenas uma ferramenta para organizar sua rotina. Faça uso dela de maneira estratégica.

Hábito 7 Não delegar

De medo de perder a própria posição a não ter ao seu redor pessoas com treinamento suficiente, os motivos que fazem com que os profissionais não saibam delegar tarefas são inúmeros. Mas a consequência, quase sempre, é a mesma: trabalho para além da conta e uma agenda caótica.

Como mudar? Tenha consciência de que crescimento na carreira sempre implica em mais responsabilidades. Mas isso não significa que você tenha que abraçar o mundo sozinho. Quanto mais delegar, mais tempo terá para se dedicar às tarefas da nova função com excelência.

“Atividades confidenciais e estratégicas que dependam da sua decisão devem ser executas por você. Tarefas mais operacionais podem ser delegadas”, diz Barbosa.

Hábito 8 Ser fã incondicional de reuniões

Viver o expediente com as portas fechadas em uma reunião definitivamente não é sinônimo de produtividade. Ao contrário. Segundo pesquisa recente da Triad, apenas 1/3 das reuniões são consideradas produtivas pelos funcionários. “As reuniões não têm qualidade, não são planejadas, são muito longas e não atingem os objetivos propostos”, diz.

Como mudar? Não faça reuniões para tudo. Quanto mais claro e pontual for o objetivo da reunião, melhor. Tenha como meta fazê-las curtas. O tempo ideal? Meia hora. O limite? Duas. E nada além disso.

Hábito 9 Roubar o tempo alheio

Por ter uma agenda caótica, quem é improdutivo tende a atrapalhar todos que cruzam seu caminho profissional. “É aquela pessoa que delega demais para a mesma pessoa. Por não anotar informações, liga para checar dados. Pede tarefas no fim do expediente”, diz.

Como mudar? Analise o tempo dos outros antes de passar qualquer demanda. Não fique centrado apenas nas suas necessidades.

Hábito 10 Ser desorganizado

Organização é palavra de ordem para quem quer ter dias produtivos. Quem já sofreu para encontrar um arquivo em meio a confusão da mesa ou do computador sabe bem o que isso significa.

Como mudar? Quanto mais sua mesa estiver limpa, organizada e funcional mais você economizará tempo produtivo. Por isso, dedique-se a manter tudo, desde anotações até arquivos no computador, segundo uma lógica.

Hábito 11 Não ter tempo para si mesmo

Pessoas improdutivas não são as que mais se dedicam a sua vida pessoal. Ao contrário. No sufoco para manter a rotina profissional em dia, elas são as que mais sabotam o tempo dedicado para assuntos para além do expediente. “A produtividade está diretamente ligada à energia. Se a pessoa não tem tempo para descansar, perde a energia e, com isso, a disposição para trabalhar”, diz Barbosa.

Como mudar? Pense na sua agenda de forma a dedicar tempo, sim, para você mesmo e para outros assuntos pessoais. “Se a gente não tem tempo para quem faz diferença na nossa vida, no leito de morte, iremos nos arrepender pois é isso que faz a vida valer a pena”, afirma o especialista.

Fonte: Exame.com

quarta-feira, 9 de maio de 2012

4 dados do currículo que revelam mais do que se imagina

Talita Abrantes
Ricardo Basaglia, da Michael Page, revela como os headhunters interpretam as informações mais “inocentes” que colocamos nos currículos.
Na hora de elaborar um currículo há quem invista todos os esforços no design e em atributos que atraiam os olhos do recrutador. A estratégia vale apenas para algumas poucas carreiras.
Na grande maioria das oportunidades profissionais, no entanto, o que conta mesmo é o que o recrutador consegue ler nas entrelinhas dos dados que você lista. E, acredite, essas informações podem revelar de traços da sua personalidade a perspectivas de carreira.
Confira:
1. Nome da empresa
O perfil e ritmo das companhias que você já trabalhou revelam muito sobre quem você é, na prática. “Se o profissional passou por empresas que o mercado entende como mais agressivas e ficou um bom tempo em cada uma delas, entendemos que ele sabe trabalhar sobre pressão e tem muita energia, senão não teria durado na empresa. Teria sido demitido”, diz Ricardo Basaglia, diretor de RH da Michael Page.
Trabalhar em uma empresa menos dinâmica, por outro lado, pode indicar uma postura oposta a esta.
2. Período em que ficou em cada companhia
Pular de uma empresa para outra pega muito mal, a sabedoria popular já diz. E, dependendo do número de vezes que você assumiu essa prática, ela está certa, sim. “Demonstra instabilidade, mostra que o profissional não sabe o que quer para a carreira”, diz Basaglia.
Ou pior: que faz da própria trajetória profissional um verdadeiro leilão – onde leva quem oferecer mais dinheiro. De acordo com o especialista, já cai na malha fina do recrutador os profissionais que, ao longo de sua trajetória profissional, demonstram o hábito de ficar menos de dois anos em cada empresa.
Agora, isso não significa que, uma vez ou outra, sair rápido de um emprego pode acabar com sua reputação aos olhos do recrutador. “Pode ter sido uma correção de rota. Nós sempre vamos procurar saber qual foi o “drive” da movimentação: ele estava procurando um novo projeto ou foi só questão de salário?”, afirma o especialista.
3. O que aconteceu neste período
Os resultados e movimentações que deram o tom da sua experiência em cada companhia também podem ajudar os recrutadores a traçar seu perfil profissional. Ou pelo menos, muni-los de interesse para convocar você para uma entrevista.
 “Se o profissional passou 12 anos em uma mesma empresa e sempre fez a mesma coisa, entendemos que ele não quis sair da zona de conforto”, afirma. “Agora, se ao longo deste tempo, ele assumiu novos projetos, teve mudanças na rotina do seu dia a dia, mostra que ele cresceu”.
Nesta toada, as promoções testemunham muito positivamente para sua reputação diante dos recrutadores. “Demonstra que ele deve ter se empenhado muito numa atividade e demonstrado ter algo a mais”, diz o especialista.
4. Nível de inglês
Por outro lado, descrever em detalhes a escola e o tempo que dedicou ao estudo do inglês não contribui muito para que o recrutador avalie sua fluência no idioma. Neste ponto, a regra é ser objetivo. Você fala fluentemente, tem um nível avançado ou básico?
Fonte: Exame.com

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Chefe e colegas no Facebook fazem funcionário mudar comportamento

Ariane Ducati e Laura Brentano
O analista de sistemas Filipe Augusto Machado, de 26 anos, trabalha em uma empresa multinacional de tecnologia de informação do Paraná há pouco mais de um ano. Logo que foi admitido, três colegas de trabalho que ocupam cargos superiores ao dele, inclusive o chefe direto, o adicionaram no Facebook. “Me senti na obrigação de aceitar. Ficaria chato se não aceitasse, porque eles iam saber”, comentou.
(Foto: Ariane Ducati/G1)

Com a popularização do Facebook, é comum o usuário ter entre os “amigos” pessoas com quem não tem intimidade – pior: contatos para os quais algum post ou foto menos comportada podem significar “queimar o filme”, como os pais, sogros ou o patrão.
Para evitar saias justas, Filipe decidiu mudar algumas atividades de atualização da página e diz que, durante o expediente, parou de fazer postagens.

“Tinha o Twitter integrado ao Facebook e, de cara, cortei, porque escrevia muita besteira o dia inteiro no microblog”, conta. “Também tirei o ‘check in’ do Foursquare [programa pelo qual o usuário pode apontar em que local está].” No trabalho atual, ele não pode acessar o Facebook pelo computador. Para entrar na rede, ele usa um smartphone: “Apenas leio e respondo mensagens”.
Filipe diz que passou a usar ferramentas de privacidade (veja dicas ao fim da reportagem). “Criei um grupo para os amigos mais próximos, assim tem coisas que ficam disponíveis só pra eles”, conta. “Acho um pouco ruim [ter de] se privar de algumas coisas. Por exemplo, se você está com vontade de postar uma foto na balada com os amigos, não vou postar porque vão pensar coisas de mim. Mas também, exposição demais não é bom", opina.
Posso não adicionar o chefe?
"O brasileiro não separa as relações de trabalho com as pessoais", afirma Eline Kullock, do Grupo Foco,  empresa de seleção de profissionais. Mas, se alguém não quiser adicionar o chefe, pega mal dizer "não"? Para a especialista, não é errado recusar o pedido de amizade, se o usuário explicar o motivo ou preferir adicionar o chefe a uma rede profissional.
 “Não tem problema nenhum em dizer não, tendo uma alternativa imediata para adicioná-lo em outra rede [como o LinkedIn]”, diz Andreza Santana, gerente de marketing da recrutadora Monster. Porém, ter várias pessoas do escritório no Facebook e deixar o chefe de lado, “pode parecer que ele está sendo excluído”, acrescenta Eline.
Comentário deu confusão
Para especialistas, os usuários devem ter cuidado com o que colocam nas redes sociais, independente se o chefe está na lista de amigos. “O fato é que grande parte dos recrutadores entram no Facebook para acompanhar o perfil dos candidatos. Mesmo para usuários que já estão empregados, algumas companhias vêm estabelecendo regras sobre como usar o Facebook. Os profissionais devem se adequar caso queiram se manter no emprego”, aconselha Andreza.
(Foto: Arquivo Pessoal)

Estefânia Martins teve de lidar com comentário de funcionária em horário de expediente
É preciso atenção até para o horário de um post. Na empresa de segurança onde Estefânia Martins, de 26 anos, trabalha, em Porto Alegre, o Facebook é bloqueado para a maioria dos funcionários. A rede social está disponível apenas para os líderes e o setor de marketing.
Durante o expediente, uma das funcionárias que trabalham com Estefânia fez um comentário referente à roupa de outra colega, sem citar o seu nome. Um dos líderes da empresa leu o comentário, imprimiu e o entregou para a funcionária. O caso levou a empresa a reunir executivos para discutir o uso das redes sociais durante o expediente. Eles decidiram bloquear o Facebook para as funcionárias de Estefânia.
 “Ela não imaginava que fosse haver essa repercussão, tanto que fez um comentário sobre uma pessoa que não tem Facebook. Mas ela me justificou que a página é dela e que poderia escrever o que quisesse”. Estefânia acredita que elas ainda precisam aprender a lidar com as redes sociais no trabalho. “Mas acho que as pessoas ainda são livres. Hoje, eu estou controlando o teor de tudo o que as minhas funcionárias escrevem”.
(Foto: Arquivo Pessoal)

Yasmin Garcez, de 19 anos, diz que tem ótima relação com a mãe até mesmo no Facebook
Pais e filhos
Para a psicóloga Marina Vasconcellos, é positiva a presença de pais entre os "amigos" dos filhos no Facebook. “Os pais devem, inclusive, criar contas na rede social para acompanhar as atividades dos filhos. É uma situação nova da nossa sociedade. Esses limites estão sendo experimentados”, explica.
Marina conta a história de um casal que descobriu que a filha estava colocando fotos nuas e falando coisas chulas no Facebook. “Eles viram uma filha que eles não sabiam que tinham”, conta. “Ela estava se expondo sem limite. Se eles estivessem no Facebook, fariam parte da rede dela”.
Yasmin Garcez, de 19 anos, estudante também de Porto Alegre, diz que acha positivo ter os pais na rede social. Ela tem uma boa relação com eles na vida pessoal e transfere isso para o Facebook. “Eu até gosto de ter meus pais no Facebook. Eu vejo muitas amigas reclamando, mas eu não me importo”, diz. Ela e a mãe criaram as contas no Facebook juntas e são amigas em redes sociais desde a época do Orkut. “Ela sempre acompanhou tudo o que eu faço. Por isso, nunca teve problema”.


























Fonte: G1