Rachel Sciré
Se você ficou balançado com a oferta do seu chefe, saiba o que é preciso considerar antes de dizer que fica.
Um belo dia, você decide procurar um novo emprego, então começa a mandar currículos e a participar de entrevistas, sem pensar muito no que está fazendo. Aí chamam você para trabalhar em outro lugar, mas quando vai comunicar a saída ao atual empregador, ele faz uma contraproposta. E aí, o que fazer?
De acordo com Irene Azevedo, diretora de negócios da consultoria LHH/DBM, se você não sabe bem por quais motivos pensou em deixar o emprego atual, pode ser difícil tomar uma decisão nessa hora. Por isso, antes de sair dando tiro para o alto no mercado de trabalho, o profissional deve ter clareza do que não está mais fazendo sentido para ele naquela empresa. “Quando você decide procurar um novo emprego é porque, de alguma maneira, já se desligou do atual”, acredita.
Irene vê com desconfiança as contrapropostas apresentadas na hora da demissão. “Por que a empresa decidiu fazer algo só no momento em que você ameaçou deixá-la?”, questiona. Para ela é uma “miopia” permanecer apenas pela questão salarial. “Normalmente, o que motiva a pessoa a mudar de emprego não é o dinheiro. O profissional deve analisar com muito cuidado se a contraproposta cobre os pontos que o levaram a acreditar que estava na hora de mudar”, diz.
Se o funcionário não acreditar na liderança da organização, por exemplo, é arriscado continuar ali. Da mesma maneira, não adianta dar uma nova chance à empresa se a ética dele não estiver de acordo com as práticas do dia a dia.
Porém, se, mais do que o salário maior, a contraproposta incluir promoções para outros cargos ou mudanças de área, pode ser a chance que o profissional esperava na carreira. Além disso, quando se trata de uma nova oportunidade oferecida pela empresa, a chance de surgirem comentários a respeito dos interesses financeiros por parte do profissional são menores. “Quando as pessoas ficam por conta do salário oferecido, parece que estão fazendo um leilão”, diz.
Para avaliar a contraproposta, Irene sugere considerar os seguintes pontos:
1) Quais foram os reais motivos que me levaram a buscar outra posição no mercado?
2) Se eu ficar no emprego atual, quanto ele vai agregar à minha carreira em longo prazo?
3) O que eu vou aprender de novo permanecendo aqui?
4) O salário e os benefícios oferecidos valem a pena?
Decisão tomada – Qualquer que seja a decisão, o profissional terá que conversar com o futuro empregador e com o atual. Se a opção for mudar mesmo, a consultora recomenda agradecer a contraproposta, dizendo que apreciou muito o interesse da empresa, mas que vai atrás dos objetivos profissionais. Também é importante se colocar à disposição para fazer a transição da melhor maneira possível.
Quando a contraproposta valer a pena, o candidato pode dizer ao potencial empregador que reconsiderou e ainda não é o momento de deixar a empresa atual. “Não é preciso contar que você recebeu uma contraproposta. Fale que a decisão foi decorrente de uma análise do seu momento de carreira”, recomenda.
É válido ainda conversar com o gestor atual para dizer quais motivos o fizeram reconsiderar a saída, principalmente se não foram apenas os financeiros. Dessa forma é possível alinhar as expectativas e tentar reconquistar a confiança do chefe. “Quando você avisou que sairia da empresa, houve uma quebra na relação. Assim como acontece quando um casal termina e volta, será preciso retomar o relacionamento”, diz ela. “Essa situação pode gerar um novo rompimento ou um amor que se fortalece e dura para sempre porque as pessoas amadurecem.”
Fonte: ClickCarreira