Talita Abrantes
De
acordo com pesquisa, quase 60% das pessoas afirmam ser transparentes na hora de
passar referências; veja o que os recrutadores perguntam para
"pescar" dados.
Buscar
referências do trabalho de candidatos a uma oportunidade profissional até pouco
tempo era uma prática restrita a alguns cargos específicos no Brasil. Mas com a
expansão do mercado de recrutamento no país e a, consequente, necessidade de
minimizar ao máximo os erros na contratação, os headhunters estão se valendo mais da prática.
Enquanto
em outros países, o hábito mais corrente é o antigo chefe enviar uma carta de
recomendação, por aqui, os recrutadores entram em contato por telefone com
chefes, subordinados e clientes internos de empregos anteriores – geralmente,
indicados pelo candidato. Todas as informações prestadas garantem os
especialistas, são mantidas em sigilo.
“Na checagem de referências, é possível captar
aspectos subjetivos que não conseguimos perceber na entrevista”, diz Gabriela
Coló, da Havik. Por isso, segundo Adriana Prates, da Dasein Executive Search,
geralmente, aos recrutadores com mais experiência é delegada a tarefa de contatar
as pessoas que já trabalharam com o candidato em questão.
Segundo
levantamento da Havik, 59% das pessoas que já foram abordadas para contar sobre
a experiência que tiveram com um antigo colega admitem serem transparentes
durante toda a conversa de checagem de referências. De acordo com a pesquisa,
tais pessoas mencionam não só os pontos positivos, mas até o que o candidato em
questão ainda tem para desenvolver profissionalmente.
Para
14%, a estratégia é apenas citar os pontos negativos – sem aprofundar. Já 9%
dos entrevistados afirmam que só mencionam as qualidades do profissional em
questão.
Confirmar informações
O
objetivo mais básico dos recrutadores ao entrar em contato com antigos colegas
de trabalho é simples: checar se as informações passadas pelo candidato são
verdadeiras, de fato. Neste momento, cargos, promoções, funções, salário e
motivo/contexto para a demissão entram na conversa. E, muitas vezes, o
recrutador até entra em contato com o setor de RH da empresa para checar
detalhes específicos.
Quem
doura a pílula ou conta uma mentira menos sutil pode ser desmascarado já neste
momento, contam os especialistas. “Cerca de 80% dos profissionais falam que
pediram demissão. Quando falamos com os antigos empregadores, percebemos que
não foi bem assim”, conta Adriana Prates, da Dasein Executive Search.
Checar valores e estilo
Confirmadas
as informações básicas, é hora de saber, na prática, como era o profissional em
questão. Primeiro, de acordo com Gabriela Coló, da Havik, o hábito é fazer
perguntas abertas.
“O que você tem a dizer sobre fulano?” ou
“Como era a sua relação com ele?” são algumas das perguntas básicas para
iniciar uma conversa do tipo. “As perguntas abertas trazem o que foi mais
marcante sobre o profissional”, diz Gabriela.
O
estilo de gestão, a maneira como a pessoa lidava com a pressão ou com o
trabalho em equipe, entre outros fatores, são colocados na mesa.
Descobrir problemas de
comportamento
A
partir do parecer da pessoa que está dando referência, o recrutador consegue
“pescar” alguns indícios de problemas de comportamento por parte do candidato
em questão. Se eles aparecerem, a regra é aprofundar. Mas, segundo Gabriela, a
ideia é buscar essas informações de maneira natural, sem forçar.
Se
tudo correr bem, todos os recrutadores lançam mão de uma pergunta chave: “Você
trabalharia com esta pessoa novamente?”. A resposta (ou o simples titubear) pode
revelar muito.
Veja algumas das perguntas
mais comuns na hora de checar referências
1. O
que você pode me dizer sobre o profissional X?
2. Como
era a sua relação com ele?
3. Ele
foi demitido sem justa causa, o que aconteceu?
4. Como
a pessoa executava o trabalho?
5. Qual
o principal resultado que o profissional trouxe para a companhia?
6. Nos
momentos em que era preciso agilidade para resolver uma questão, como ele
reagia?
7. Ele
provocou algum conflito na empresa?
8. Como
era o relacionamento com os colegas, subordinados e chefes?
9. Como
o profissional lidava com prazos?
10. Você
trabalharia novamente com esta pessoa?
Fonte: Exame.com