Entrevistas de emprego são tensas em qualquer contexto, mas
a ansiedade para ser aceito é bem maior se você está desempregado . A pressão
aumenta ainda mais se já faz algum tempo que nenhuma oportunidade aparece.
© image/jpeg Entrevista de emprego |
Se esse é o seu caso, a “boa” notícia é que a crise
econômica e o mau momento do mercado de trabalho brasileiro produzem muitos
outros candidatos em situação parecida com a sua — o que cria um novo padrão de
normalidade nos processos seletivos.
“Até pouco tempo
atrás, alguém que estivesse atravessando um período de desemprego de 8 a 12
meses podia automaticamente gerar impressões negativas num recrutador”, diz
Juliano Gonçalves, gerente da Randstad Professionals. “Isso continua sendo um
tempo considerável hoje em dia, mas já não é um ‘absurdo’, não assusta mais”.
Um novo estudo da Organização Internacional do Trabalho (
OIT ) revelou que, em 2017, um em cada três desempregados no mundo será
brasileiro. No país, o contingente somará 13,8 milhões de pessoas até o ano que
vem.
Ainda assim, é natural sentir insegurança ou até vergonha da
situação quando se está diante de um headhunter. Para Gonçalves, a única forma
de administrar esses sentimentos é dizer a verdade sempre, tanto no currículo
quanto na entrevista presencial, e trazer justificativas bem fundamentadas.
Contar qual foi o real motivo da sua demissão do último
emprego é o primeiro passo para ter uma conversa franca e potencialmente
produtiva.
“Com a crise, não é
constrangimento nenhum ter perdido o emprego porque a empresa estava com as
finanças apertadas e precisou cortar funcionários”, diz o gerente da Randstad
Professionals. “De qualquer modo, se for possível, traga dados que mostrem como
a situação financeira do seu empregador levou aos cortes”.
Se a sua demissão foi motivada por questões pessoais, a
sinceridade também é fundamental. É importante explicar os conflitos por trás
do desligamento de forma clara, equilibrada e, sobretudo, ética — sem cair na
tentação de falar mal da empresa ou do chefe que ficaram para trás.
Abordado o tema da demissão, chega a hora de dizer por que
você continua desempregado. Mas como fazer isso sem sucumbir ao nervosismo? E
como deixar uma impressão positiva no avaliador apesar de um histórico de
negativas? Confira a seguir 4 dicas de especialistas no assunto:
1. Assuma a sua
parcela de responsabilidade
De acordo com Ricardo Karpat, diretor da consultoria Gábor
RH, o momento ruim do mercado não deve servir como única justificativa para a
situação. É importante ser humilde e fazer uma autocrítica, isto é, levar para
a entrevista uma reflexão sobre quais foram os erros de estratégia que levaram
você a um longo período de desemprego.
“Você pode ter demorado para ‘reagir’ quando foi demitido,
por exemplo, ou ter recusado propostas interessantes só porque estavam abaixo
da sua faixa salarial anterior”, explica o especialista. É importante mostrar
que você consegue fazer uma autoavaliação madura e tranquila, e não tem medo de
dizer que errou.
2. Mostre que está
incomodado (mas não desmotivado)
Assumir que você cometeu equívocos não quer dizer que você
“aceita” a derrota: resiliência é muito diferente de resignação. De acordo com
Karpat, o candidato deve ter um tom firme e assertivo, e evitar a qualquer
custo a postura de vítima durante a entrevista.
A pior atitude possível é agir como se você tivesse se
acostumado à situação. “É possível deixar uma boa impressão se, apesar do longo
período de desemprego, você revela que permanece inconformado e tem muita
vontade e energia para trabalhar”, explica o diretor da Gábor RH.
3. Diga o que está
fazendo para se adaptar
Para Juliano Gonçalves, gerente da Randstad Professionals,
um profissional desempregado pode estar, sim, muito ocupado com outras coisas
além de buscar trabalho — e é importante frisar isso se esse é o seu caso.
“O que você fez nesse
período? Voltou a estudar? Retomou antigos contatos? Buscou uma experiência
internacional? Mostre que você está tentando se adaptar às novas exigências do
mercado, que está buscando se tornar um profissional mais preparado para
conseguir uma recolocação”, diz ele.
4. Tenha paciência
para aguardar o feedback
É perfeitamente compreensível que uma pessoa sem emprego há
muito tempo tenha pressa para conseguir uma vaga, mas transmitir ansiedade
exagerada por uma resposta pode passar a ideia de que você é inseguro.
Segundo Karpat e Gonçalves, é fundamental cuidar do seu
equilíbrio emocional antes, durante e depois da entrevista. Quanto mais
tranquilo você parecer — e, de fato, estiver —, maior a chance de receber uma boa
notícia no fim.
Fonte: Exame.com