“Preciso colocar foto? As experiências em viagens que eu fiz
contam para a empresa? Posso usar diferentes letras, negritos e ícones
gráficos?” Na hora de preparar um currículo para concorrer a uma vaga, muitos
profissionais acabam se deparando com alguns dilemas que podem comprometer sua
candidatura. O site de VEJA ouviu especialistas em recursos humanos para saber
quais informações não podem faltar, bem como quais erros devem ser evitados para
que o candidato tenha um currículo perfeito.
© image/jpeg
executivo-papeis-curriculos-20120127-01-original.jpeg
|
Fazer um bom currículo é importante porque o documento serve
como apresentação do profissional. De acordo com a diretora de gestão de
carreira da consultoria Right Management, Telma Guido, o candidato precisa de
cuidado e tempo para pensar sobre ele e elaborá-lo. “É um documento que chega
antes da pessoa. É um cartão de visita e precisa de dedicação”, avalia. Sob
essa lógica, por exemplo, os erros de português são imperdoáveis.
Conteúdo
Ter o objetivo de se apresentar sem ser cansativo – e sempre
com informações verdadeiras – é o norte para criar o documento, segundo o
diretor da Hays Response Luís Fernando Martins. “No início, basta um resumo
sobre a sua carreira. Um ou dois parágrafos, no máximo, a respeito de sua
trajetória profissional e um destaque na vida pessoal, como: ‘casado, com
filho, nascido em tal data, carreira iniciada em tal lugar’”, explica. Desse
modo, usar muitos recursos gráficos e itens muito chamativos deve ser evitado.
Ser sucinto é uma boa opção. “É possível que o candidato utilize
palavras-chave, quatro páginas são o suficiente”, indica.
O diretor executivo da Michael Page Brasil, Ricardo
Basaglia, acrescenta que a função do currículo é fazer com que a empresa tenha
interesse pelo profissional. “Não se consegue colocar tudo o que se pode falar
numa entrevista. É preciso apenas escrever o básico, para que seja convocado
para ela”, exemplifica.
Outra prática que também ajuda a somar pontos é contar um
pouco sobre o lado pessoal, pois os recrutadores querem conhecer a
personalidade do candidato. Atletas, por exemplo, são bem quistos pelas
empresas. “Pode ser bacana saber que o candidato é um ‘cicloturista’. Um
recrutador que analisa o currículo de alguém que pedalou 1.500 quilômetros em
15 dias, por exemplo, começa a imaginar se ele esteve em uma região inóspita,
pelo quê ele passou, e isso gera assunto para a conversa na entrevista no RH”,
conta Martins. Praticar esportes também é bem visto pelas qualidades que a
prática acrescenta à pessoa. “Quem tem esse perfil [de atleta], passa pelas
frustrações do mundo corporativo de maneira mais agradável”, compara.
Estrutura
De acordo com Telma, a estrutura básica currículo precisa
trazer a identificação de quem é o candidato (com nome completo, por se tratar
de um documento) e como o mercado pode encontrá-lo. Em seguida, é fundamental
que o candidato coloque o que ele está buscando, e sua área de atuação. Essa
descrição deve começar de uma forma mais genérica, para ser detalhada em
seguida. “Em primeiro lugar, por exemplo, área financeira, recursos humanos.
Depois vem o objetivo, como gerente de recursos humanos, coordenador, diretor
ou CEO”, exemplifica.
Ter foto, em geral, não é indispensável para que o currículo
seja considerado como bom. “A menos que o profissional seja um modelo ou esteja
se candidatando para um papel como ator ou atriz” explica Basaglia.
Experiência
Na hora de listar as experiências profissionais, Basaglia
indica que o candidato comece pela mais recente até chegar nas mais antigas,
descrevendo os nomes das empresas em que trabalhou, os cargos que ocupou, e o
período em cada um deles.
Um ponto bastante esquecido e que faz bastante diferença é
listar as realizações e resultados alcançados. “É fundamental que o candidato
coloque o que ele entregou naquele cargo e naquele tempo, no que fez diferença
para aquela empresa, o que existia que ela melhorou, o que não existia que ela
criou”, diz Telma.
Quanto à formação acadêmica, vale a pena usar só as
informações mais relevantes, lembrando sempre de colocar o nome da instituição
onde se formou, bem como os períodos dos estudos. “Qualquer viagem de aprendizado,
atividade voluntária: seja na empresa jovem da universidade, na associação
atlética ou no diretório acadêmico, ou participação em uma ONG. Isso mostra
traços de atitude e liderança”, ressalta Basaglia.
Por fim, para escrever um bom currículo, é preciso fazer um
exercício de autoconhecimento. O profissional deve refletir quais
características devem ser destacadas em seu benefício. Dessa forma, ele saberá
vender bem seu peixe. “Só deve se tomar cuidado com o overselling [ser vendedor em demasia, na tradução livre], com
excesso de adjetivos, o que pode contar como ponto negativo.”, diz Basaglia.
Fonte: Veja.com