Samara
Teixeira
Profissionalmente, a
maneira como uma pessoa se expressa por meio de sua voz é essencial para a
construção tanto de seu desempenho técnico como de um bom relacionamento
interpessoal no ambiente de trabalho.
A voz é a matéria prima com a qual se molda pensamentos e
sentimentos. Por meio da voz cada pessoa constrói quem é, assim como, grande
parte da vida nos diversos agrupamentos a que pertence. A voz é capaz de
alcançar distâncias espaciais e temporais que o corpo não tem como chegar. Ter
um dia dedicado ao reconhecimento de seu valor é muito importante.
Segundo Cinthia Almeida, psicóloga, especialista em Terapia
Cognitiva Comportamental e cantora, a voz de uma pessoa reflete sua
personalidade, seus pensamentos, emoções e sentimentos. “Na área profissional,
a voz expressa tudo o que na pessoa está envolvido com o trabalho que realiza:
prazer ou desprazer, domínio ou insegurança em relação às tarefas e à própria
escolha profissional, assertividade ou contestação, equilíbrio ou desequilíbrio
emocional, senso de humor, flexibilidade ou rigidez cognitiva e emocional”,
explica à psicóloga.
Quais
cuidados devemos ter ao entoar um discurso?
Há dois principais componentes em um discurso: conteúdo e
forma. O conteúdo são as ideias que se deseja transmitir no discurso. Já, a
entonação diz respeito à forma, ao “como” se fala, ela representa a música da
fala.
“A entonação
modula as tonalidades da voz de acordo com o conteúdo para transmitir as ideias
de forma mais ampla, precisa e afetiva. É a entonação que deixa claro uma
pergunta ou uma exclamação, ou se uma ideia está sendo destacada, propõe
reflexão, desperta atenção, transmite segurança e constrói uma imagem para o
ouvinte”, enfatiza a especialista.
O primeiro cuidado que se deve ter ao entoar um discurso
é envolver-se intelectualmente e emocionalmente com o que se pretende falar.
Dessa maneira, a voz seguirá o caminho correto. A partir disso, é necessário
sintonizar com as pessoas para quem o discurso se dirige, assim como, o
ambiente físico onde será realizado, “outro fator importante é ter em mente que
a função principal do discurso é comunicar, tornar comum. E, para isso, é
necessário se manter conectado com os ouvintes”, enfatiza Cinthia.
Ao tomar estes cuidados, o objetivo do discurso é
atingido. “Quanto mais envolvimento se tiver com as ideias que se quer
transmitir, mais verdadeiro e envolvente será o discurso”, conta a psicóloga.
Como
trabalhar a voz para uma melhor oratória?
Existem inúmeras maneiras de melhorar a voz, cursos de
oratória, terapias psicológicas e teatro, são alguns caminhos. O caminho
escolhido dependerá da compreensão que a pessoa tiver a respeito da voz e da
ação de falar em público. Poderá escolher trabalhos mais técnicos e voltados a
desenvolver a forma ou caminhos que propiciem autoconhecimento e construção de
seu talento.
De acordo com a Terapia Cognitiva Comportamental,
desenvolvida por Aaron T. Beck, a maneira como se pensa determina as emoções e
o comportamento. “A partir deste pressuposto aliado à compreensão da voz como
extensão da pessoa, é fundamental que se identifique as crenças e pensamentos
disfuncionais relativos à própria voz e às situações de exposição por meio da
fala. E, simultaneamente, avaliar as características, qualidades e deficiências
vocais apresentadas. Este tipo de trabalho tem como objetivo instrumentalizar a
pessoa interessada em melhorar sua capacidade de oratória de forma que realize
um trabalho consciente, amplo, aprofundado e duradouro”, explica Cinthia
Almeida.
Os cuidados que devemos ter com a voz, segundo a
especialista:
É comum que seja dado valor à voz especialmente nos
momentos em que esta se encontra prejudicada, como durante uma gripe muito
forte, após um período prolongado de tosse ou quando se perdeu a voz devido a
abusos (gritos, cigarro, álcool e outras drogas).
Alguns
cuidados são:
Dormir bem;
Ter uma alimentação equilibrada;
Ingerir água com frequência durante o dia. E quando
estiver falando por muito tempo, ter água à disposição para dar pequenos goles,
mantendo a hidratação do aparelho fonatório;
Procurar expressar, de alguma maneira, seus pensamentos e
sentimentos (caso não seja possível falar, pode-se escrever, pintar, dançar,
cantar);
Em especial, antes de uma situação em que vai trabalhar
prolongadamente com a voz, pode-se comer maçã. Ajuda a “limpar” as pregas
vocais, é um adstringente;
Evitar chocolate e outros derivados de leite,
principalmente antes de uma apresentação, pois aumentam a produção de muco e
podem provocar a necessidade de pigarrear;
Evitar gritar. Toda vez que se grita, as pregas vocais se
chocam violentamente uma contra a outra e, com frequência, acabam desenvolvendo
os chamados “calos”. Note que o grito invariavelmente é carregado
emocionalmente, seja de emoções “positivas” (como o grito do torcedor de
futebol) ou de emoções “negativas” (como raiva, indignação, tristeza profunda,
etc.);
Ingerir alimentos líquidos ou sólidos em temperatura
amena, nem muito quente nem muito fria. Evita-se choque térmico, produção
excessiva de muco ou lesões;
Evite o quanto possível ambientes com ar condicionado.
Caso seja inviável, procure se proteger ao menos das mudanças bruscas de
temperatura por meio de agasalhos;
Use roupas confortáveis;
Procure respirar bem, permitindo que seu diafragma se
movimente livremente.