Edson
Caldas*
Em grandes processos seletivos não há como escapar dela:
a dinâmica de grupo. A partir do segundo semestre, diversas empresas —
inclusive de comunicação — começam a escolher profissionais para ocupar novas
vagas no ano seguinte. Em meio a uma vasta quantidade de currículos,
recrutadores apostam nas etapas coletivas para fazer uma triagem inicial.
Crédito:Stock.XCHNG
Especialistas dão dicas de como ir bem em dinâmicas de grupo
no processo seletivo
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No entanto, a ideia não visa apenas otimizar tempo, mas
também avaliar o candidato trabalhando em grupo. “A dinâmica permite que você o
visualize na interação com os demais”, explica Iracema Dias de Araújo Andrade,
diretora técnica da Viva Talentos. “Ela reproduz um pouco da situação que você
tem no dia a dia de trabalho, na qual, em muitos momentos, você toma decisões
em conjunto.”
As atividades costumam ser a primeira etapa presencial de
processos seletivos de profissionais em início de carreira, como é o caso de
estagiários e trainees. Ela permite que os recrutadores analisem competências,
como grau de iniciativa do candidato, habilidade de lidar com prazos,
relacionamento interpessoal, além da capacidade de conseguir direcionar tarefas
propostas para um resultado satisfatório.
Apresente-se
com naturalidade
Grande parte das dinâmicas possui uma etapa em que todos
contam brevemente suas experiências — ela pode durar de dois a cinco minutos
por integrante. Segundo profissionais de Recursos Humanos, é essencial que os
candidatos garantam autenticidade na apresentação.
“Quando o
estagiário é artificial, desempenhando um papel ou sendo performático e usa de
uma postura que não é a dele, em algum momento vai se contradizer”, justifica
Sonia Minelli, gerente RH da Editora Globo. De acordo com ela, existem
candidatos que adotam um discurso pronto, o que pode ser negativo. “A gente
percebe que aquilo não é natural, é algo que ele está forçando.”
Para a analista de recrutamento e seleção da Editora
Escala Thais Bagatim, também não é recomendado que o candidato fale mal de
empregos anteriores. “Acho muito chato quando a pessoa traz fatos negativos que
ocorreram na empresa e expõe isso. Não é necessário”, esclarece. “É legal a
pessoa ser sincera, mas quando ela traz isso de um jeito negativo, ficamos um
pouco inseguros de contratar. Será que ela não vai ser um futuro problema para
a gente também?”
Neste momento, o candidato deve explorar seu tempo
expondo diferenciais de forma sucinta e frisando seu interesse pela vaga.
O
que é avaliado
O candidato que participa de uma dinâmica tem de buscar
ser ele mesmo, “não deve tentar mostrar alguma característica ou atitude que
não é realmente sua, pois esta poderá ser esperada depois de contratado”,
explica Roberta Pelosini, consultora da Cia de Talentos.
A experiência anterior em redação, no caso dos processos
para o departamento editorial, é quase que fundamental segundo Thais. Aspectos
como a afinidade com os temas abordados nas publicações também são decisivos.
“Mas não é só isso. Nós também analisamos questões como comunicação, escrita, fala
e matérias que ele já publicou”, diz.
Para Sonia Minelli, em primeiro lugar o candidato tem de
mostrar que quer muito a vaga, que esta representa realmente um diferencial
para ele. “Se ele tiver esses elementos e energia, estará dentro daquilo que
estamos buscando”, afirma. “Buscamos pessoas que gostam do que fazem, motivadas
e que venham aqui para fazer a diferença.”
Conheça
a empresa
“Nas dinâmicas de
grupo realizadas pela Cia de Talentos, avaliamos as competências da empresa, ou
seja, os comportamentos que o candidato deve ter para aquela vaga”, diz a
consultora Roberta Pelosini. De acordo com ela, cada empresa tem um perfil
comportamental diferente e, por isso, em cada dinâmica os candidatos são vistos
com os “óculos” daquele contratante.
Surge daí a necessidade de uma pesquisa ostensiva acerca
da vaga para qual o profissional está se candidatando, além dos valores,
atuação da empresa e últimas notícias relacionadas à companhia para saber se
esta se encaixa em seu perfil.
“Muitas dinâmicas
trabalham cases onde a temática principal tem a ver com o negócio da empresa e,
conhecer um pouco sobre ela pode ajudar no desenvolver do trabalho e isso pode
contar alguns pontos positivos para o candidato”, explica Roberta.
“Infelizmente, muitos candidatos ainda não fazem esta pesquisa e deixam de
aproveitar adequadamente estas oportunidades.”
Pró-ativo?
Ao contrário do que muitos candidatos acreditam, não é
preciso falar e posicionar-se o tempo todo para fazer os olhos dos recrutadores
brilharem. Afinal, o trabalho é grupo. O recomendado é dar uma contribuição
consistente e buscar solucionar a tarefa em equipe.
“É importante que
você seja pró-ativo, só que com conteúdo”, diz Iracema. “Você pode ser uma
pessoa que se coloca pontualmente, mas que entra com muito conteúdo e faz a
diferença, dá um direcionamento ao trabalho no momento em que se posiciona.”
Temido
traje
Embora empresas de comunicação tendam a ser menos
formais, o adequado, seja na dinâmica ou em uma entrevista, é procurar
vestir-se de forma discreta. “O ideal é que você garanta uma apresentação sem
exageros”, recomenda Iracema.
“Em uma empresa de
comunicação nós não exigimos, como em um banco, que tenha um traje mais formal.
Porém, o que não aceitaríamos em uma dinâmica: bermuda, chinelo ou rasteirinha”,
elenca Roberta. “É um ambiente profissional.”
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Com supervisão de Vanessa Gonçalves
Fonte: UOL