Marta
Cavallini
Triagem mantém apenas candidatos dentro do perfil
desejado.
Saiba como chamar a atenção, como se portar e o que
perguntar.
Algumas empresas costumam adotar as entrevistas por
telefone para fazer uma pré-seleção dos candidatos, checar algumas informações
que não estão no currículo e até para saber se os concorrentes preenchem alguns
requisitos técnicos para o cargo. A prática também tem o objetivo de poupar
tempo, já que as empresas, na maioria das vezes, têm urgência na contratação.
Segundo profissionais de RH ouvidos pelo G1, é grande o índice de eliminação de
candidatos, já que são convocados para as fases seguintes do processo seletivo
apenas os candidatos dentro do perfil desejado.
Carmen Benet, gerente de recrutamento e seleção da
Trabalhando.com, diz que as empresas usam esse método por ser mais rápido e
avalia que pode ser uma triagem definitiva. “As perguntas são mais aprofundadas
para se ter a certeza de que o candidato está falando a verdade.”
De acordo com Sandra Assis, consultora da Luandre,
empresa de RH, no telefone costuma ser perguntado, por exemplo, se o candidato
possui conhecimento em algum aplicativo, CNH, disponibilidade para viagens e
até sua pretensão salarial. “Quando a vaga é para uma cidade diferente da que a
empresa está alocada, pode-se fazer a entrevista pelo telefone. De qualquer
forma, dificilmente o processo é finalizado sem que ocorra a entrevista
presencial com o gestor da área requisitante”, diz.
Janaína Andrade, coordenadora de recrutamento &
seleção da Talent Group, empresa de recrutamento, seleção e terceirização de
mão de obra, afirma que as empresas querem verificar se o candidato possui ou
não os requisitos imprescindíveis solicitados. “A partir dessa pré-triagem, é
possível validar se há aderência ao perfil para agendar a entrevista
presencial”, afirma.
As perguntas são mais aprofundadas para se ter a certeza
de que o candidato está falando a verdade".Carmen Benet
Segundo Cezar Tegon, presidente da Elancers, empresa de
sistemas de recrutamento e seleção, a entrevista por telefone normalmente é
utilizada nas etapas iniciais do processo seletivo, no qual já foram
identificados os candidatos que atendem ao perfil mínimo exigido pela vaga, mas
no qual o volume de candidatos ainda é grande. “Nesta entrevista, normalmente,
a empresa informa mais detalhes sobre a vaga, verifica o real interesse do
candidato em participar do processo e confirma o salário atual, benefícios
atuais, se está trabalhando, checa experiências, escolaridade e as expectativas
do candidato perante a oportunidade oferecida. Como em todas as etapas, mesmo
por telefone, a pessoa responsável pela entrevista avalia a maneira de o
candidato se portar, as palavras que ele emprega, a correta utilização do
idioma”, explica.
“A entrevista por
telefone ainda não é utilizada por todas as empresas, no entanto, é uma
tendência a ser seguida. O mercado anda muito aquecido e, muitas vezes, o
profissional que enviou o currículo para a oportunidade não possui os
pré-requisitos imprescindíveis, porém, isso só poderá ser confirmado através de
uma análise detalhada do currículo e tirando todas as dúvidas com o candidato
no contato telefônico”, acrescenta Janaína.
Como
chamar a atenção?
Os consultores afirmam que é possível chamar a atenção do
interlocutor no telefone, já que não há contato físico, e o entrevistador não
está vendo as expressões faciais do candidato. “A entrevista por telefone não
tem objetivo de fazer avaliações detalhadas sobre o comportamento do candidato,
mas com certeza, as avaliações básicas são feitas. Por isso, é importante
manter um tom de voz firme e constante, falar corretamente, não utilizar
palavras chulas ou gírias e procurar falar corretamente o idioma”, aconselha
Cezar.
Para Sandra, é preciso ser educado, cordial,
participativo e demonstrar o interesse pela proposta.
Para Cezar, apesar de ser rápida e básica, a entrevista
telefônica é muito importante, pois dela saem os candidatos que participarão
das etapas mais decisivas. “E aí está o perigo, por ser mais rápida e fácil,
muitos candidatos dão pouca atenção a ela e cometem erros básicos, erram no
português, na postura e, com essa atitude, perdem ótimas chances”, diz.
Por ser mais rápida e fácil, muitos candidatos dão pouca
atenção a ela e cometem erros básicos, erram no português, na postura e, com
essa atitude, perdem ótimas chances".Cezar Tegon
Janaína orienta o candidato ser o mais claro e objetivo
possível. Segundo ela, o fato de não poder ver a expressão um do outro torna a
entrevista por telefone mais difícil. “Por isso, saber se comunicar bem
verbalmente é fundamental para essa etapa. Nenhuma entrevista de emprego é
fácil, seja por telefone, Skype ou presencial. Acontece que algumas pessoas se
saem melhor na entrevista por telefone, outras na entrevista presencial. A
entrevista por telefone é apenas uma pré-triagem que deverá ser validada
pessoalmente, portanto, entendo que uma é complemento da outra”, diz Janaína.
Carmen indica que o candidato demonstre expressões de
aceitação, concordância, dizendo que tem interesse, que se motivou com a
oportunidade e, principalmente, agradecendo o contato.
Contato
surpresa
Segundo os especialistas, o contato telefônico é feito sem
aviso prévio. “Geralmente, o contato telefônico tende a ser surpresa, pois,
conforme recebemos um currículo, entramos em contato para tirar dúvidas após
análise dos dados. Caso o candidato esteja aderente à oportunidade, no mesmo
contato telefônico agendamos a entrevista presencial ou por Skype”, diz
Janaína.
“O entrevistador
liga, se apresenta, fala que precisa falar por no máximo 10 minutos e pergunta
se o candidato pode conversar naquele momento ou se é melhor falar em outro
horário específico”, diz Cezar.
Segundo os consultores, o candidato deve procurar um
local silencioso para responder às perguntas. “É importante que o candidato
informe ao entrevistador se estiver em algum lugar barulhento, como rua, bar ou
loja, e verifique a possibilidade de agendar um outro horário para a
entrevista. Caso isso não seja possível, o candidato deve buscar um local mais
silencioso para atender”, diz Sandra.
É importante que o candidato informe ao entrevistador se
estiver em algum lugar barulhento, como rua, bar ou loja, e verifique a
possibilidade de agendar um outro horário para a entrevista".Sandra Assis
“Como a ligação é
surpresa, pode acontecer de o candidato estar almoçando, no metrô, no trabalho,
enfim, inúmeros lugares. Se for possível, o ideal é que ele se desloque para
outro lugar e informe ao recrutador que vai para um lugar silencioso. Caso não
seja possível, o ideal é que ele anote o telefone do recrutador e retorne o
contato quando puder falar, demonstrando interesse na oportunidade”, diz
Janaína.
“O ideal é que o
candidato fale em local tranquilo, onde possa ouvir e falar com clareza, e
precisa se concentrar na conversa. Mas como a entrevista é simples e rápida, se
o candidato puder falar, mesmo que esteja em um local um pouco barulhento e
movimentado, pode ir em frente, mas é importante que ela avise o entrevistador
dessas condições”, afirma Cézar.
Já em casa, o candidato deve desligar TV, aparelho de som
ou computador, além de não ficar perto de outras pessoas e, principalmente,
crianças e animais de estimação, para não se distrair. “Foco e concentração
total na entrevista é fundamental para que ela seja bem sucedida, assim como
deve ser na entrevista presencial. Caso contrário, o candidato irá passar para
o entrevistador uma imagem de total falta de interesse e, certamente, será
desclassificado do processo”, alerta Sandra.
De acordo com Cézar, quando o candidato está participando
de processos seletivos, deve estar preparado para ser acionado a qualquer
momento. “As empresas sempre ligam em horários comerciais, normalmente entre
10h e 16h, portanto, se o candidato estiver participando de processos seletivos
e receber uma ligação de um número desconhecido quando estiver dormindo, é
melhor não atender, pois atender com voz de sono e fora de sintonia, principalmente
em horário comercial, pode não soar bem. Quando a ligação não é atendida, o
entrevistador normalmente deixa um recado e meios de contato”, diz.
Segundo Carmen, o candidato deve sinalizar que está em um
lugar inapropriado, e não existe problema nenhum em pedir para o entrevistador
ligar em outro momento.
Janaína alerta que se o profissional estiver dormindo na
hora do telefonema ele pode anotar o número do telefone do recrutador e
informar que ligará assim que for possível, pois é importante que esteja atento
no momento do contato para não deixar passar informações importantes, como um
detalhamento melhor do perfil da vaga.
“Geralmente, o
entrevistador questiona se o candidato pode atender naquele momento, sobretudo
se o contato foi pelo celular, então, é importante que o candidato se
recomponha rapidamente ou sinalize que gostaria de agendar um horário mais
adequado para a entrevista”, diz Sandra.
Preparação
Sandra alerta que é importante que o candidato se informe
sobre a empresa e, no momento da entrevista, demonstre ao entrevistador que
pesquisou e que está interessado. “Se o candidato está participando de um
processo, deve estar sempre preparado para ser entrevistado. As entrevistas têm
como base o currículo do candidato, que motivou a entrevista, portanto, deve-se
ter em mente as experiências, formação, atuações em projetos relevantes”, diz
César.
“Hoje em dia, os
candidatos tentam diversas vagas e, muitas vezes, não têm a oportunidade de
conhecer a empresa para a qual está se candidatando, portanto, não há a
necessidade de conhecer a empresa até que seja agendada uma entrevista
presencial”, afirma Janaína.
É importante que o candidato mantenha-se atento ao
telefone, preferencialmente no horário comercial, que é quando as empresas
costumam ligar. Não é necessário ficar em casa esperando a ligação".Janaína
Andrade
Os especialistas dizem que não é necessário ficar preso
em casa esperando pelas ligações.
“O importante é
deixar sempre uma forma de contato disponível: secretária eletrônica, pessoas
de recado, celular, e-mail”, diz Sandra. “É importante que o candidato
mantenha-se atento ao telefone, preferencialmente no horário comercial, que é o
horário que as empresas costumam ligar. Além disso, não é necessário ficar em
casa esperando a ligação, pois normalmente as empresas ligam para o celular dos
candidatos”, diz Janaína.
Segundo os especialistas, o candidato precisa saber as
próprias competências técnicas adquiridas, empresas que atuou, cargos e
atividades realizadas, em caso de ser questionado e não tiver como acessar o
currículo.
“O mais importante
é preparar-se, avaliar, estruturar de forma organizada e cronológica a trajetória
profissional e ter em mente as principais realizações, conhecimentos e
experiências”, diz Sandra.
Para Carmen, é bom estar com o currículo à mão. “Para ele
poder responder com mais exatidão a respeito de datas e de ordem dos empregos
anteriores.”
Segundo Sandra, as perguntas feitas por telefone costumam
ser as mesmas de uma entrevista presencial. “Porém, quando não há a entrevista
presencial, o entrevistador irá explorar mais a fundo algumas questões para que
possa ter uma ideia mais clara sobre as competências e perfil comportamental do
candidato.”
“As perguntas por
telefone normalmente são mais diretas e relacionadas ao perfil técnico da vaga,
e o contato por telefone tende a ser breve, diferente de uma entrevista
presencial”, explica Janaína.
Pode
fazer perguntas?
Janaína diz que o candidato pode perguntar quanto tempo
vai durar a entrevista. “Com o mercado aquecido, muitos candidatos estão
trabalhando e algumas vezes não têm disponibilidade para falar, sendo possível
flexibilizar o melhor momento para a pré-triagem.”
O candidato pode ainda pedir mais esclarecimentos ou
explicações ao entrevistador em caso de não entender algo que seja perguntado.
“O importante
nesse contato é que as informações sejam as mais claras possíveis, tanto do
lado do recrutador, quanto do candidato”, diz Janaína. “Sempre que o candidato
não entender a pergunta ou tiver dúvidas deve informar ao entrevistador, tudo
com muita calma e de maneira delicada”, ressalta Cezar.
E o candidato pode e deve fazer perguntas sobre a
oportunidade, segundo os especialistas, pois mostra interesse. “Assim como na
entrevista presencial, sempre que o candidato tiver alguma dúvida ou queira
alguma informação complementar, pode questionar. Fazer perguntas sobre a
empresa, como por exemplo, quem são os maiores concorrentes, filiais, área de
atuação, demonstra o interesse do profissional”, diz Sandra.
Para Janaína, o candidato deve demonstrar interesse na
oportunidade, realizando perguntas que podem vir a mudar o seu interesse na
oportunidade como atividades a serem realizadas, local de trabalho, forma de
contratação, benefícios, entre outras.
“Até para que ele
avalie se a oportunidade está de acordo com suas pretensões, algumas perguntas
que podem ser feitas, como detalhes sobre a atuação e responsabilidades da
vaga, oportunidade de carreira, salário, benefício, local físico, entre
outras”, diz Cezar.
Para Carmen, o candidato pode perguntar como chegaram até
ele, qual o tempo de retorno da entrevista, nome do cargo, local de trabalho
e caso o entrevistador não fale, qual a
faixa salarial para a posição. Carmen diz que o candidato deve utilizar o bom
senso para fazer perguntas, e em situações que realmente ele não entendeu. “Não
deve perguntar a todo momento”, diz.