Camila Pati
A
estreia de um universitário no mundo corporativo é sempre cercada de dilemas.
Como dar conta de trabalhar e estudar, o que abrir mão e o que priorizar são
apenas algumas das questões que rondam a vida de um estagiário.
Escolha
de cursos e de mentores e outras dúvidas mais prosaicas como, por exemplo, qual
a melhor hora de fazer uma pergunta ao chefe também engrossam a longa lista
cotidiana de pontos de interrogação.
Pensando
nisso, a consultoria People On Time decidiu simular situações que aparecem na
vida de (quase) todo estagiário em ambiente virtual.
O
jogo A Hora do Estágio, gratuito e disponível no site da People On Time promove
reflexão e mostra o impacto das escolhas feitas pelo jovem profissional.
Veja
alguns dos dilemas simulados pelo jogo e os conselhos de Elvira Berni, sócia
-diretora da consultoria, e uma das responsáveis pela iniciativa:
1 Perguntar ou não
perguntar ao chefe?
Imagine
a situação: o chefe passa um relatório para o estagiário fazer, mas ele não
entende bem qual o foco da atividade e fica com dúvidas. Está costurado o
dilema. Perguntar agora ou começar a fazer mesmo tendo dúvidas?
“Indico
que o estagiário pergunte, mas que faça perguntas com inteligência”, diz
Elvira. A especialista se refere às questões importantes para o entendimento,
em detrimento das perguntas de questionamento, ou seja, aquelas com juízo de
valor.
Pergunta
tem tempo certo para ser feita, segundo a especialista. E o momento ideal é na
hora em que ele passa a atividade. “É ruim ficar quieto ou questionando o
pedido do chefe e depois voltar para fazer perguntas de entendimento quando ele
já está fazendo outra coisa”, diz Elvira.
2 Ajuda
extraordinária em evento. Comprometer-se ou não?
Muitas
vezes a ajuda do estagiário é requerida em eventos. Sendo um pedido
extraordinário vale a pena a arregaçar as mangas e “fazer serão” com a equipe?
“Se
é para uma situação relevante em que a sua contribuição é importante, ele deve
estar junto com a equipe”, diz Elvira.
Mas
a especialista alerta para o caráter não rotineiro do pedido, já que a por lei
o estagiário pode trabalhar apenas 6 horas diárias, chegando a uma jornada
semanal de 30 horas, no máximo.
Solicitações
corriqueiras de esforço extra acendem a luz vermelha para a empresa, já que a
prioridade do jovem deve ser frequentar as aulas da universidade.
3 O que analisar na
hora de escolher uma especialização?
“Vivemos
o momento da lei da oferta, é uma época com excesso de oferta em tudo”, diz
Elvira. E então como escolher uma especialização?
Paixão
pelo tema e perspectivas de mercado devem ser levadas em conta, segundo Elvira
Berni. “Modismo e dinheiro, não”, diz.
Porque
é um curso barato, porque o pai vai bancar ou porque todo mundo está fazendo
não devem nortear a escolha, segundo a especialista.
4 Com tantas
solicitações, qual o melhor jeito de administrar o tempo e evitar frustrações?
Faculdade,
trabalho, amigos, amores, família, esporte, festas e viagens. As solicitações
são as mais diversas e é preciso encontrar um equilíbrio.
Quem
participar do Jogo do Estágio vai perceber que gestão do tempo é uma questão
bastante explorada pelos desenvolvedores da iniciativa.
“Indico
que se faça uma separação entre o tempo dedicado à faculdade, as horas de
trabalho e os momentos para atividades pessoais e descanso”, diz Elvira. Em
seguida é decidir o que é mais importante e tentar de alguma forma balancear
isso tudo.
5 O que levar em
conta ao analisar propostas de estágio?
“O
jovem não deve confundir o estágio com ganhar mais dinheiro ou trabalhar perto
de casa”, diz Elvira.
A
principal questão a ser analisada é a importância do estágio para a sua
carreira profissional, insto é o encaminhamento em que vai resultar.
“E
isso é muito maior do que 300 reais a mais no fim do mês ou a economia de uma
hora no trajeto”, afirma a especialista. Para ela o principal recado é não
pensar apenas em curto prazo.
6 Quanto tempo ficar
em cada estágio?
Cumprir
o contrato até o tempo máximo permitido ou experimentar novos horizontes a cada
6 meses? “Geralmente as empresas têm contratos de um ano o que já facilita”,
diz Elvira.
A
especialista recomenda tempo mínimo de um semestre e máximo de um ano. “Se
quiser ficar mais tempo, vai acabar tendo apenas um estágio no currículo o que
pode empobrecer a capacidade de tomada de decisão lá na frente”, diz.
A
época de fazer estágio é o momento de conhecer as diversas áreas de uma
profissão para, já formado, decidir qual rumo tomar. Mas há jovens que sabem
bem onde querer estar. “Se está decidido e está gostando, meu conselho é vai
fundo”, diz Elvira.
7 Como pedir demissão
sem fechar as portas?
O
medo de fechar as portas assombra muitos jovens que decidem trocar de estágio.
Como comunicar a decisão ao chefe, sem fechar as portas da empresa?
Uma
das estratégias que podem ser usadas é compartilhar as novidades com o gestor e
abrir o jogo. “Faz sentido porque é uma pessoa é mais experiente, tem mais
informação. Às vezes vai conhecer até o próximo chefe do seu estagiário”, diz
Elvira.
Perguntar
ao chefe o que ele faria no seu lugar e como ele enxerga essa movimentação pode
ser uma maneira de se aproximar e ganhar um aliado na carreira.
8 Como escolher um
mentor de carreira?
Muito
se fala na importância de ter um mentor de carreira. Alguém com quem dividir
anseios e dúvidas sobre a trajetória e os rumos profissionais. Mas vale a pena
apostar em um só mentor, como escolher?
“O
ideal é ter vários mentores, um para cada tipo de assunto”, indica Elvira.
Algumas empresas oferecem a possibilidade de mentoria aos jovens. Mas a empatia
é que vai determinar o sucesso da relação.
“O
melhor mentor é a pessoa com quem o jovem tem mais empatia e consegue
estabelecer um relacionamento franco”, diz a especialista.
9 É bom fazer
networking desde já?
A
rede de contatos profissionais começa a se formar desde os tempos de calouro de
faculdade. E é recomendável que se preste atenção a sua manutenção desde cedo.
“O
jovem, desde a universidade, deve fazer o seu currículo e colocar no LinkedIn”,
diz Elvira. Colegas, professores, chefes no estágio são os primeiros contatos
importantes na carreira e por meio deles, boas oportunidades e convites podem
aparecer.
10 Qual o melhor
momento de fazer intercâmbio?
Elvira
destaca que os dois primeiros anos da faculdade são os mais propícios para
apostar em intercâmbio. “Os dois últimos anos de faculdade já devem ser mais
focados em estágio”, diz a sócia-diretora da People On Time.
Isso
porque largar um estágio nos momentos finais antes da formatura pode atrasar os
planos de recolocação na volta da experiência internacional. “Os processos
seletivos seguem uma lógica de tempo que não é a do intercâmbio”, diz a
especialista.
Mas,
o mais importante, seja qual época escolhida, é garantir que a estada em país estrangeiro
traga uma vantagem competitiva, como a fluência em outro idioma, por exemplo.
“Por
isso, o universitário deve se preparar e ir para a viagem com nível
conhecimento intermediário já na língua”, recomenda.
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Fonte:
Exame.com