Paula R. F. Dabus
Será que existem no mercado empresas que valorizam o fato da profissional ser uma mãe? Veja aqui nossas descobertas.
Já foi o tempo em que as empresas evitavam contratar funcionárias que eram mães, tinham filhos pequenos ou estavam em uma idade que logo pensariam em ter filhos. Durante muito tempo essas mulheres foram vistas como um péssimo negócio, já que ficariam afastadas durante a licença maternidade, faltariam no trabalho quando o filho pequeno adoecesse ou teriam que sair cedo para as reuniões na escolinha.
Hoje a realidade é outra. Embora algumas empresas ainda adotem essa política de não contratar mulheres que são ou desejam ser mães, a maioria dos empresários tem uma visão bem diferente dessa questão.
Sobre esse assunto, o Guia do Bebê conversou com algumas empresas fabricantes de produtos para mamães e bebê e descobriu que nesse ramo ser mãe não é um problema. Pelo contrário, a funcionária que faz parte desse universo, que vivencia a maternidade, pode contribuir e muito para o desenvolvimento da marca.
AS EMPRESAS PARTICIPANTES
Nossa breve pesquisa foi realizada com cinco empresas que trabalham no segmento voltado para o universo mamãe-bebê, ou seja, gestantes e crianças de até um ano de idade. São elas: Baby.com.br, Klin, Kuka, Lillo, Pimpolho e Quater.
O QUADRO DE FUNCIONÁRIOS DA EMPRESA
O Guia do Bebê perguntou aos entrevistados qual a porcentagem de mães quem compõem o quadro de funcionários dessas empresas. A maioria afirmou que entre 33 a 40% dos funcionários se encaixam nesse perfil. Já na Quater, 84 % das mulheres que trabalham na empresa são mães de família.
Segundo Fabiana Zancan, gestora de pessoas da Klin, dos 2.542 colaboradores que trabalham atualmente na fábrica, 1.002 são mães, ou seja, 39,4% dos funcionários. “Vale ressaltar que 69,3% do nosso quadro são mulheres, e muitas ainda terão a graça de serem grandes mamães”.
Na equipe do Baby.com.br, mais de 1/3 das funcionárias são mães. “Essa presença marcante acontece desde o início e é estimulada pela empresa. A 2ª pessoa a entrar na equipe é mãe”, diz In Hsieh, co-fundador do site.
QUANDO A FUNCIONÁRIA ENGRAVIDA
Além de não ter nenhuma restrição para a contratação de mulheres, essas empresas, assim como tantas outras atualmente, oferecem diversos benefícios e incentivos para as mulheres que desejam se tornar mães.
A gerente de marketing da Kuka, Rose Morilla, garante que a empresa não vê nenhum problema quando a funcionária engravida. “Pelo contrário, é uma alegria”, diz ela. A grande preocupação da empresa é oferecer uma escolinha perto da sede da empresa, onde as mães possam deixar seus filhos quando terminar a licença. “A Kuka oferece um grande benefício para as funcionárias que são mães: creche para os filhos até os 6 anos de idade, e não apenas até os 2 anos, como a lei prevê”, conta Rose.
In Hsieh - Baby.com.br Foto: Divulgação |
No site Baby.com.br, o grande diferencial é a postura da empresa diante de uma gravidez. “Não temos nenhum problema em contratar mulheres que planejam ficar grávidas, pelo contrário, criamos um ambiente altamente favorável e ficamos muito felizes quando isso acontece”, afirma In Hsieh, co-fundador do site. “Um exemplo é a nossa Diretora de Operações, Aline Salles. Ela trabalhava em uma empresa que é exemplo de ambiente profissional para mulheres, mesmo assim, decidiu por vir para a Baby quando conheceu nossa postura em relação à gravidez”.
Na Pimpolho, empresa que há 50 anos produz calçados de bebê, além do apoio dos diretores e de toda a equipe, a funcionária que engravida também ganha um kit de sapatinhos. “Fazemos questão de estar presentes na vida desses bebês desde o início. E as mães que nos ajudam a produzir esses sapatinhos sempre sonham em um dia calçar seus filhos com eles. É um momento muito especial!”, afirma Rose Padovani, gerente de Recursos Humanos da empresa. Ela também conta que no Dia das Mães, quando essas crianças visitam a fábrica e fazem uma homenagem, é outro momento muito emocionante. “Ver essas mulheres não apenas como funcionárias mas como grandes mães nos ajuda a crescer a cada dia”.
O VALOR DA FUNCIONÁRIA-MÃE
Como uma empresa do segmento mamãe-bebê, a Quater busca no mercado profissionais que sejam mães preferencialmente. “Principalmente na área comercial da empresa este quesito conta positivamente. Uma mãe vivencia as reais necessidades, ou futilidades, nos produtos e consegue repassar isto aos clientes de maneira mais clara, sendo mais verdadeiro o processo da venda”, afirma Priscila Fleishman, gerente de marketing da Quater.
Rosana Fiorelli - Lillo Foto: Divulgação |
O Departamento de Marketing da Lillo é conduzido por uma mulher e mãe, a Rosana Fiorelli. Como uma empresa do segmento infantil, a Lillo acredita que este seja um diferencial para a marca, pois há uma sinergia maior entre o trabalho e as reais necessidades dos consumidores. “Para esta função em especial, o olhar de uma mãe, a troca de experiências e dicas rotineiras colaboram na execução dos trabalhos a serem desenvolvidos para o portfólio de produtos e direcionamento da marca”, diz Rosana. “Dizemos que nossos consumidores são formados pelo novo perfil de mãe, ou seja, executiva, mulher, esposa, responsável pelo dia a dia dos filhos, e ter alguém com este perfil na gestão dos trabalhos de MKT facilita a interpretação das necessidades de nossos consumidores”.
A Pimpolho sempre usou a experiência e sensibilidade das funcionárias-mães a favor da marca. “Fazemos das nossas mães multiplicadoras da mensagem que a Pimpolho quer transmitir, e também adquirimos com elas suas opiniões e experiências como mães para melhorar ainda mais nossos produtos”, afirma Rose Padovani, gerente de Recursos Humanos da Pimpolho. Ela afirma que ser mãe nesse mercado de trabalho é algo muito positivo. “Esperamos poder continuar contando com o apoio das centenas de mães quem fazem parte da nossa equipe para mantermos a qualidade de nossos produtos”.
Rose Padovani - Pimpolho Foto: Divulgação |
PARTICIPAÇÃO NA EMPRESA
Já que as funcionárias-mães estão tão envolvidas no universo do bebê, porque não utilizar esse conhecimento delas para aprimorar os produtos e sugerir melhorias na empresa?
Fabiana Zancan - Klin Foto: Divulgação |
É o que faz a Klin. “Realizamos pesquisa de produtos com nossas mamães colaboradoras para entender e mergulhar ainda mais neste universo recheado de carinho, proteção e diversão das crianças. Nada é mais consistente que ouvi-las para aumentar a assertividade e colher bons frutos desta parceria”, diz Fabiana Zancan, gestora de pessoas da Klin.
A empresa também tem um projeto chamado “Bate Papinho”, destinado aos filhos de colaboradores, onde contam a história da marca e mostram, através de um vídeo lúdico, o processo de fabricação do calçado, desde a idealização pelas estilistas até a chegada aos pezinhos das crianças.
Embora a Kuka não tenha nenhum projeto especial focado na participação de funcionarias que são mães, de uma maneira informal, as funcionárias também participam da criação de novos produtos com ideias. “Sempre acabamos envolvendo os funcionários de uma forma geral, em uma pesquisa de cores, por exemplo”, afirma Rose Morilla, gerente de marketing da Kuka.
Na Quater essas mães ocupam diversos setores dentro da organização, assumem cargos de alta liderança e até processos manuais dentro do parque fabril, e estão diretamente envolvidas no planejamento estratégico da empresa, bem como, tendo total abertura na sugestão de novos produtos e análise dos futuros lançamentos. O incentivo é realizado pela própria liderança e atrelado diretamente por um Programa de Prevenção de Riscos.
A VISÃO DAS FUNCIONÁRIAS
Helen Cristina Alves Ramos - Klin Foto: Divulgação |
Helen Cristina Alves Ramos, 31 anos, é analista de vendas da Klin, trabalha há 10 anos na empresa, é mãe da Amanda de 5 anos e está grávida de outra menina. Ela está muito feliz de poder trabalhar e conciliar seu papel de esposa, mãe e profissional. “Tenho todo o apoio da empresa e recursos necessários para ter esse equilíbrio. Amo cuidar da minha filha em sua rotina, mas me sinto também realizada em ser uma profissional atualizada”, diz Helena.
Ela conta que antes de entrar na Klin trabalhava em um escritório de contabilidade e não conseguia interagir com a empresa, apenas executava seu trabalho. Hoje, ela contribuir com a marca de uma maneira muito mais especial. “Se trata de uma empresa que trabalha além do resultado, com a mente e a alma, isso é um grande diferencial que nos torna parte de toda construção. Temos também um acompanhamento mensal de profissionais da área da saúde onde somos orientadas e atualizadas dos cuidados com nossos pequeninos”.
Outra funcionária satisfeita em trabalhar em uma empresa que respeita a maternidade é a Aline Salles, diretora de operações da Baby.com.br, que está grávida de gêmeos. “Trabalho desde meus 16 anos e tenho muito prazer nisso. Gosto de me sentir produtiva, de formar um time, de construir processos e atingir objetivos. Hoje planejo após minha licença maternidade voltar a trabalhar e manter uma rotina equilibrada com as duas coisas, e acredito que a Baby é uma empresa que vai continuar me propiciando esse equilíbrio”.
Aline Salles - Baby.com.br Foto: Divulgação |
Aline trabalhava em uma grande empresa, que tem uma politica muito bacana com a maternidade, quando recebeu o convite para trabalhar na Baby, que estava começando suas atividades. “Ao conversarmos, deixei claro meu objetivo em engravidar e eles me apoiaram, dizendo que isso não era um impedimento para nossa negociação e que, pelo contrário, ter uma mãe na liderança das áreas de prestação de serviços seria um diferencial. Então, senti que o benefício de alinhar desafios profissionais que muito me estimulam com a tranquilidade e o apoio dos fundadores do site pela minha gravidez seria uma combinação perfeita”.
Fonte: Guia do Bebê