Especialista
conversou com a Folha de Pernambuco sobre mudanças no mercado de trabalho
Raquelle
Wacemberg, da Folha de Pernambuco
Max
Gehringer: "Jovens são imediatistas.
Têm que aprender a planejar"
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O
que mudou no mercado de trabalho brasileiro?
Estamos no meio de um
processo de mudança que deve ter começado na metade dos anos 1990. Um dos
efeitos é a grande quantidade de jovens fazendo curso superior. Então, na
metade dos anos 90, começamos a ter uma maior quantidade de faculdades.
Acredito que nós já passamos dos 9% de brasileiros que têm curso superior.
Estamos chegando perto de 18% e devemos alcançar 30% em breve. Então, isso muda
a cara do mercado de trabalho de diversas maneiras. Acredito que o imediatismo
é o DNA da nova geração. É a geração do videogame, que cresceu achando que o
mundo é instantâneo. O que eles precisam entender é que as empresas não são tão
rápidas assim. Elas têm um planejamento e isso faz com que eles tenham um
choque no começo. Entretanto, vale salientar, que é essa a geração que vai
dirigir empresas daqui a 30 anos. Terão dissabores? Sim. Mas temos que nos
acostumar com esses jovens.
Será que haverá o
surgimento de novas profissões?
Tenho uma coleção
interessante de revistas desde os anos 1970, que tem o título “as profissões do
futuro”. Nenhuma aconteceu. As profissões do futuro são as mesmas do passado. O
pessoal confunde profissão do futuro com profissão que dá futuro. São duas coisas
diferentes. Existem algumas profissões que não existiam, como engenharia
ambiental. Quando as pessoas “descobrem”, o número de matrículas para o curso
triplica. O que acontece é que a maioria das pessoas não consegue emprego
porque não há vagas disponíveis. Na década de 70, incentivava-se muito a
população estudar turismo, porque a área, na época, ia explodir no Brasil. Não
aconteceu. A profissão nova é a informática. Essa realmente aconteceu. O que
chamo de profissão do futuro é aquela que gera empregos suficientes.
Há profissões que
podem desaparecer no futuro?
É difícil uma
profissão desaparecer. Elas se renovam. O que um engenheiro estudava há 30
anos, não é o que estuda hoje. Há dispositivos tecnológicos diferentes.
Atualmente, não é preciso ter letras bonitas. Hoje, se faz tudo isso com
software. Compra e faz pronto. É o que aconteceu com a maioria dos cursos. Como
um aluno estudava direito antigamente? Tinha que comprar vários livros. Nos
dias atuais, tem tablet, notebook. O conteúdo é o mesmo. O que mudou é a
maneira de aprender a matéria.
Defina as palavras
“trabalho”, “descanso” e “aposentadoria”.
Trabalho é um castigo
divino. Descanso é uma necessidade do ser humano. Aposentadoria: o que deveria
ser um prêmio é um castigo.
Turbine-se – Max Gehringer, que
também é autor de livros de gestão, garante: técnica não é suficiente para
vencer na profissão. Requisitos como ser criativo, ter postura e capacidade de
entender mudanças definem os currículos valorizados pelas empresas.
Matéria da seção Economia/Empregos da Folha de Pernambuco
Fonte: Folha de Pernambuco