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terça-feira, 3 de junho de 2014

Para Max Gehringer, “a profissão do futuro é a que gera empregos”



Especialista conversou com a Folha de Pernambuco sobre mudanças no mercado de trabalho

Raquelle Wacemberg, da Folha de Pernambuco 


Max Gehringer: "Jovens são imediatistas. 
Têm que aprender a planejar"



O que mudou no mercado de trabalho brasileiro?

Estamos no meio de um processo de mudança que deve ter começado na metade dos anos 1990. Um dos efeitos é a grande quantidade de jovens fazendo curso superior. Então, na metade dos anos 90, começamos a ter uma maior quantidade de faculdades. Acredito que nós já passamos dos 9% de brasileiros que têm curso superior. Estamos chegando perto de 18% e devemos alcançar 30% em breve. Então, isso muda a cara do mercado de trabalho de diversas maneiras. Acredito que o imediatismo é o DNA da nova geração. É a geração do videogame, que cresceu achando que o mundo é instantâneo. O que eles precisam entender é que as empresas não são tão rápidas assim. Elas têm um planejamento e isso faz com que eles tenham um choque no começo. Entretanto, vale salientar, que é essa a geração que vai dirigir empresas daqui a 30 anos. Terão dissabores? Sim. Mas temos que nos acostumar com esses jovens.

Será que haverá o surgimento de novas profissões?

Tenho uma coleção interessante de revistas desde os anos 1970, que tem o título “as profissões do futuro”. Nenhuma aconteceu. As profissões do futuro são as mesmas do passado. O pessoal confunde profissão do futuro com profissão que dá futuro. São duas coisas diferentes. Existem algumas profissões que não existiam, como engenharia ambiental. Quando as pessoas “descobrem”, o número de matrículas para o curso triplica. O que acontece é que a maioria das pessoas não consegue emprego porque não há vagas disponíveis. Na década de 70, incentivava-se muito a população estudar turismo, porque a área, na época, ia explodir no Brasil. Não aconteceu. A profissão nova é a informática. Essa realmente aconteceu. O que chamo de profissão do futuro é aquela que gera empregos suficientes.

Há profissões que podem desaparecer no futuro?

É difícil uma profissão desaparecer. Elas se renovam. O que um engenheiro estudava há 30 anos, não é o que estuda hoje. Há dispositivos tecnológicos diferentes. Atualmente, não é preciso ter letras bonitas. Hoje, se faz tudo isso com software. Compra e faz pronto. É o que aconteceu com a maioria dos cursos. Como um aluno estudava direito antigamente? Tinha que comprar vários livros. Nos dias atuais, tem tablet, notebook. O conteúdo é o mesmo. O que mudou é a maneira de aprender a matéria.

Defina as palavras “trabalho”, “descanso” e “aposentadoria”.

Trabalho é um castigo divino. Descanso é uma necessidade do ser humano. Aposentadoria: o que deveria ser um prêmio é um castigo.

Turbine-se – Max Gehringer, que também é autor de livros de gestão, garante: técnica não é suficiente para vencer na profissão. Requisitos como ser criativo, ter postura e capacidade de entender mudanças definem os currículos valorizados pelas empresas.

Matéria da seção Economia/Empregos da Folha de Pernambuco