Claudia Gasparini
Dinheiro,
às vezes, é um assunto muito delicado. Ainda mais quando você está diante de
uma proposta de emprego e, com poucas informações em mãos, precisa definir sua
pretensão salarial.
Foto: Reprodução Internet |
O
constrangimento se deve, em grande parte, ao temperamento do brasileiro,
segundo João Xavier, diretor geral da Ricardo Xavier Recursos Humanos. “Somos
menos pragmáticos do que outros povos, então achamos difícil atribuir um
'preço' para uma pessoa”, diz ele.
A
situação é ainda mais complicada quando faltam dados sobre o outro lado.
Segundo José Roberto do Valle, presidente da Scotwork Brasil, a maioria das
empresas prefere anunciar vagas com “salário a combinar”.
“Elas
fazem isso para se precaver e evitar que aconteça uma supervalorização do
candidato”, afirma ele. “Por outro lado, também são poucos os profissionais que
já anunciam um valor de cara”.
O
resultado desse jogo são muitas dúvidas e hesitações. Veja a seguir algumas
orientações que, se não eliminam todas as dificuldades, podem facilitar (um
pouco) a sua vida:
1. Consulte tabelas salariais
Para
começar, Valle recomenda que o candidato consulte fontes oficiais sobre a
remuneração média para sua área. Além de evitar distorções, o dado serve para
embasar a negociação presencial, se houver.
Mesmo
assim, as tabelas salariais são apenas um recurso de argumentação - não de
definição categórica. “Esse dado não é o suficiente para convencer o
recrutador, mas pelo menos estabelece alguns parâmetros”, afirma.
2. Considere sua posição no mercado
Para
lançar um valor, o candidato também precisa refletir sobre sua situação atual.
Se você tem um emprego, é uma boa ideia pedir um salário igual ou superior ao
que você já recebe, segundo Xavier.
No
caso de quem está fora do mercado, a dica é pedir até 10% menos, com base na
sua última remuneração. “Se você ganhava 10 mil reais, por exemplo, vale propor
algo em torno de 9 mil”, diz o especialista.
3. Avalie seu grau de satisfação com o
presente
Além
da sua inserção no mercado, é preciso pensar no quanto é importante para você
mudar de emprego. “Se você quer fazer uma manobra na sua carreira, ir para uma
área diferente, vale ser mais flexível”, diz Xavier.
Além
disso, é importante avaliar se você está feliz com o seu emprego atual. “Em
alguns casos, esse pode ser um fator determinante para o cálculo”, diz ele.
4. Estabeleça um “mínimo viável”
Não
adianta pesar apenas fatores externos para definir a sua pretensão salarial. “O
candidato precisa definir um mínimo que precisa ganhar para pagar suas contas e
se motivar para o trabalho”, diz Valle.
A
dica do especialista é pedir um pouco a mais do que esse "piso", para
haver margem de negociação numa conversa posterior com o recrutador.
5. Preste atenção na descrição da vaga
Outro
parâmetro relevante é o escopo da posição. “É preciso entender muito bem o que
cobrarão de você para saber o quanto você pode pedir em troca”, diz Xavier.
Nessa
avaliação, a nomenclatura não importa tanto. “Não se apegue tanto aos títulos e
nomes de cargos. O que vale é o grau de responsabilidade atribuído a você”,
afirma.
6. Procure informações sobre a empresa
Um
critério essencial para não “chutar” um valor despropositado é saber mais sobre
o empregador. Busque saber, por exemplo, como vai o segmento a que ele
pertence, e qual é o seu porte em relação à concorrência.
“Numa
empresa pequena, um diretor de operações pode pedir um salário maior do que o
diretor de operações de uma multinacional”, ilustra Xavier. “Ele terá
atribuições bem mais abrangentes do que o outro, que será apenas mais um num
quadro de gestores”.
7. Converse com seus pares
Saber
quanto ganham ex-colegas de faculdade também ajuda a estimar um valor. “Não dá
para confiar totalmente, mas vale a comparação para saber como vai o mercado”,
afirma Valle.
Isso
porque essas pessoas têm algumas variáveis em comum com você, como formação
acadêmica, instituição de ensino e tempo de experiência. “Só não confie
cegamente nessa informação, porque há muitos outros fatores em jogo”, diz ele.
8. Use a expressão “na faixa de”
Por
mais que você procure informações para balizar a sua pretensão salarial, sempre
há espaço para questionamentos. O melhor a fazer, portanto, é não cravar um
número fechado.
“Dizer
que você quer um salário na faixa de 9 mil reais, por exemplo, demonstra
flexibilidade e abertura para o diálogo”, afirma Xavier. Além disso, o
intervalo deixa um importante espaço para “manobras”. Segundo o especialista, é
fundamental contar com essa brecha na hora de negociar o valor final.
Fonte:
Exame.com