Ana Paula Lima, gerente de Social Media na Odiseo |
Social Recruiting é a busca por profissionais via Redes
Sociais. Diferente do currículo que você envia por e-mail ou pelo correio,
trata-se de uma prática de recrutadores e especialistas em mídias sociais para
encontrar, avaliar e selecionar os talentos mais adequados à sua empresa.
Significa que, por exemplo, se você é engenheiro e aparece uma vaga de
engenharia no seu perfil, não é por acaso: é uma estratégia da empresa
contratante. Com mais de 800 milhões de pessoas conectadas em rede no mundo, o
social recruiting é uma prática de recrutamento que veio para ficar.
Conversamos com Ana Paula Lima, gerente de planejamento e
social media da agência Odiseo para entender como lidar com social recruiting,
seja você profissional ou empregador. Ana Paula trabalha com internet e
projetos de comunicação online e marketing digital há 12 anos. Desde 2009
implementou diversos projetos de construção de comunidades online na agência
Odiseo e há dois anos tem se especializado em social recruiting ao receber o
desafio de um cliente global com foco nesse nicho no Brasil.
Emprego&Carreira – Por que as empresas têm focado nas redes sociais como forma de
encontrar seus talentos?
Ana Paula Lima – Buscar talentos nas redes sociais tem
se mostrado um eficiente meio de ganhar tempo, encontrar pessoas mais
qualificadas e, consequentemente, reduzir custos de contratação.
E&C - Por
quê?
Ana Paula Lima – Nas redes sociais já existe um
networking formado. As pessoas trocam informações, pedem ajuda, divulgam vagas,
pedem emprego, ou seja, elas já estão falando sobre esses assuntos. O Social
Recruiting funciona como sua rede de amigos, se você está em busca de um
emprego, você recorre primeiro aos seus amigos. Os recrutadores pensam da mesma
forma, quando precisam contratar, nada melhor que receber indicação de amigos e
colegas de trabalho.
E&C – Quais
as vantagens desse modelo de recrutamento?
APL - Indo aos lugares certos, de acordo com os
interesses específicos de contratação, fica mais difícil errar o perfil do
candidato. E com isso, os recrutadores conseguem chegar em candidatos mais
qualificados. É isso que revela uma recente pesquisa divulgada pela Jobvites,
nos EUA. Cerca de 73% recrutadores tiveram sucesso em contratações realizadas
pelas redes sociais. 49% dos recrutadores que adotaram o social recruiting,
perceberam uma melhora substancial na qualidade dos candidatos.
Também ganha-se tempo, porque é mais fácil ir onde seu
target está. Hoje as pessoas se reúnem em torno de interesses comuns, são
nessas oportunidades que surgem os grupos de discussão, fóruns, blogs. E é por
esse mesmo motivo que as pessoas se tornam fãs de empresas no Facebook ou
seguem alguém no Twitter.
E&C – As
empresas avaliam mais do que as competências profissionais ao acessar dados
pessoais do possível candidato?
APL - Sim, a a reputação dos candidatos é um ponto importante. Essa mesma pesquisa
revela alguns exemplos interessantes:
80% responderam que avaliam as redes de interesse que o
candidato pertence. Se participa de grupos de discussão, associações de classe
e publica conteúdos relacionados à sua área de atuação.
O voluntariado chama a atenção de 66% dos recrutadores.
78% não veem com bons olhos referências a drogas nos
perfis do candidato.
63% não avaliam bem candidatos que falam muito sobre
sexo.
Erros de ortografia e gramática também não ficam de fora
dessa avaliação para 54% dos entrevistados.
20% das empresas contratantes reportaram redução no tempo
de contratação.
31% disseram que buscar talentos nas redes sociais
aumentam as referências sobre os candidatos.
E&C – Quais
são as ferramentas mais utilizadas para essa busca de talentos?
APL - Twitter e Facebook tiveram um crescimento
expressivo de 2010 pra cá.
Segundo a pesquisa da Jobvites, 66% dos recrutadores
estão usando o Facebook e 54% o Twitter. No Facebook, já existem ferramentas
específicas para isso, como o BeKnown, aplicativo de networking do Monster. Com
ele, as empresas divulgam suas vagas, criam seus perfis e páginas de empregos
na sua fanpage. E com isso, ganham uma presença constante na maior rede social
do mundo. Já os candidatos podem se conectar a pessoas de empresas onde desejam
trabalhar e buscar recomendações de amigos.
Uma outra forma, é divulgar as oportunidades no perfil da
empresa. Dependendo do tamanho da rede de contatos, a vaga é rapidamente
viralizada. De uns tempos pra cá, aumentou muito a publicação de vagas nas
redes sociais.
Mas estão começando a surgir algumas outras ferramentas,
específicas para recomendação, referências e análise de redes pessoais.
E&C - Qual
a rede social mais utilizada?
APL - Na média global, o Facebook é o mais usado
para se pesquisar sobre um candidato que o LinkedIn. É o que revela uma
pesquisa da Right Management. Na Ásia, 75% dos recrutadores usam a rede para
pesquisar informações sobre o candidato; na Europa, são 62%. Nos EUA a situação
é diferente. 93% dos recrutadores usam o LinkedIn. Só 34% consultam o Facebook.
Na média global, quem ganha é o Facebook. Ele é usado por 58% dos recrutadores,
e o LinkedIn, por 50%. O Twitter é a rede menos usada na hora de pesquisar um
candidato. Apenas 18% dos recrutadores usam a ferramenta para conhecer os
profissionais.
E&C - Employer
branding é um fator de peso para essa nova era de recrutamento? Por que?
APL - Com certeza, porque está relacionado à
reputação das empresas. Assim como os candidatos devem ter uma boa reputação,
as empresas também devem construir isso. E portanto, devem trabalhar sua marca,
de uma forma verdadeira e natural. Não se trata de dizer quem você é, com
vários autoelogios, mas sim, do que as pessoas dizem que você é. Esse é o
princípio básico do relacionamento nas redes.
Mas para chegar a isso, é preciso ter uma boa presença
das redes sociais, e muito importante, se relacionar com seu público de uma
forma respeitosa e verdadeira, dando a ele conteúdos relevantes. Para gerar
interesse, a empresa deve ser relevante, acima de tudo. Entender os interesses
dos seus fãs e seguidores e atender essa expectativa. É uma moeda de troca. Os
usuários dão seus dados, em troca de conteúdos de interesse.
E&C - Além
das redes sociais que outros “nichos” da internet as empresas podem encontrar
os profissionais que necessitam?
APL - As empresas devem se inserir em espaços
virtuais que estejam acontecendo conversas sobre empregos e carreira, ou temas
muito específicos e correlatos ao seu negócio. Estou falando de blogs, sites e
até mesmo portais. É o que eu chamo de “trabalho de formiguinha”. Primeiro, a
empresa deve mapear onde estão acontecendo essas conversas, depois
aproximar-se. A melhor maneira de fazer isso é oferecendo conteúdos relevantes.
Ao longo do tempo, a empresa passa a ser referência em determinado tema. Esse
trabalho é muito importante para desenvolver o Employer Branding. Faz parte do posicionamento
da marca.
E&C – Essa
é uma tendência irreversível?
APL - Com certeza é uma tendência irreversível.
90% das empresas entrevistadas pela Jobvite nos EUA pretendem investir no
recrutamento pelas redes sociais esse ano.
E&C -Que
cuidados os candidatos devem ter em suas redes sociais para não prejudicarem
suas carreiras?
APL - Devem agir nas redes sociais como agem no
mundo “off-line”. Devem sempre ter em mente que seus perfis no Twitter,
Facebook são uma extensão da sua vida. E nesse espaço não há anonimato. Por
isso, nada de ficar reclamando da vida, ofendendo pessoas e organizações. A
gente não sai por aí na rua, brigando ou xingando as pessoas, né? Então, listei
algumas dicas básicas:
Não publique posts embaraçosos, relacionados a sexo,
drogas ou bebidas. Não se exponha tanto.
Tenha certeza que as pessoas vão ler tudo que você
publica.
Não fale mal do seu chefe, ou não reclame publicamente de
alguma coisa relacionado ao seu trabalho ou empresa.
Seja engajado e proativo na sua comunicação. Se envolva
em discussões que tenham a ver com sua profissão ou emprego atual.
E&C - De
que forma eles podem incrementar seus perfis?
APL - Dedique um tempo do seu dia a se conectar
com pessoas que você não conhece ainda pessoalmente, mas que estejam
relacionados a sua profissão, ou que sejam referências profissionais.
Participe de comunidades ou grupos que estejam
relacionados a temas da sua profissão.
Divulgue para sua rede o conhecimento que você já possui.
Compartilhe links, e conteúdos que tenham a ver com seu universo profissional.
Mantenha sempre seus perfis atualizados. No Twitter
preocupe-se em fazer seu mini “bio”, incluindo links de perfis profissionais.
Em redes de network como o BeKnown, mantenha sempre seu histórico profissional
atualizado e sempre compartilhe suas conquistas profissionais. Terminou aquele
projeto bacana? Publique no seu mural contando sua experiência.
Fonte: Monster