Adriana Gomes
Antes
de ter receio de falhar, é preciso descobrir o que você entende por fracassar.
Ao
começar novos programas, costumo conversar com os alunos para saber sobre suas
expectativas. Sempre peço que eles me falem sobre um sonho, um medo e um
hobby. Nos últimos anos, com alunos cada vez mais jovens nos cursos de
pós-graduação, a resposta mais frequente para o medo tem sido o medo de
fracassar.
Jovens de
22 a 25 anos, em média, com medo de fracassar profissionalmente me deixam
preocupada e me levam a levantar hipóteses dos motivos que teriam para ter esse
receio:
- não se
sentem capazes de enfrentar desafios?
- o que
seria o sucesso? O que os faz acreditar que possa ser algo inatingível?
- quais
as referências de sucesso que os levam a crer em algo tão difícil ou distante
de conquistar?
- o que
significa fracassar, exatamente?
As
definições de sucesso e fracasso são extremamente importantes, pois a partir
delas é que será possível elaborar as ações necessárias para conseguir um e
evitar o outro. Quando o conceito é genérico ou difuso, fica difícil reconhecer
se o que se está fazendo leva para um caminho ou outro. Quem tem medo do
fracasso parece viver sob ansiedade constante. Em minha opinião, existem
três reações possíveis a essa situação:
1. O
enfrentamento - o medo serve como mola propulsora para seguir adiante
e se superar;
2. A
fuga - com a percepção de que não há energia, motivação nem condições
suficientes para o enfrentamento, o risco parece maior que a capacidade de
lutar. O melhor a fazer é fugir, mudar de rumo, tentar outra coisa;
3. A
paralisia - quando a percepção de que a ameaça é grande, o medo se torna
insuportável e a pessoa é inundada por uma sensação de paralisia. Fica
imóvel, refém de seus sentimentos, com a sensação de estar perdida e sem saber
o que fazer.
É preciso
avaliar o cenário para ver qual será sua reação. Há casos em que
abandonar é a melhor opção. Porém, o argumento não deve ser o medo e, sim, uma
avaliação cuidadosa do contexto e, mais ainda, das reais condições pessoais
para o enfrentamento. Com isso, quero dizer que é preciso ter consciência das
competências técnicas, comportamentais, físicas e emocionais para lidar com a
situação.
Não há
dúvida que, quando se está mobilizado emocionalmente, a avaliação desses
fatores torna-se mais complexa e até difícil de fazer sozinho. Nessas
ocasiões, procurar a ajuda de um profissional pode ser muito útil. Muitas
vezes, um grande salto de desenvolvimento pessoal e profissional acontece em momentos
dessa natureza.
Não é
fácil expor os próprios medos. Afinal, aprendemos que nossas fragilidades devem
ser escondidas. Acontece que todos, em maior ou menor grau, têm medo de
fracassar, seja em uma entrevista de seleção, no desenvolvimento de uma
nova tarefa, na conquista de alguém, em um exame... Porém, é preciso
analisar as consequências desse fracasso - o quanto isso compromete sua
vida e seus projetos. É relevante levar em consideração também se houve
investimento suficiente no preparo para encarar tal empreitada. Se não houve, o
melhor é se dedicar melhor. Estudar, conversar com pessoas que passaram pela
mesma situação e pesquisar a respeito são atitudes que minimizam o medo e
aumentam a autoconfiança.
Fonte:
ClickCarreira