Profissional deve estar ciente de que algumas
empresas de setores tradicionais podem ter restrição ao desenho.
Rossini Gomes
Algumas empresas têm resistência em aceitar em seu
quadro de funcionários pessoas tatuadas ou com piercings. É claro que esse não deve ser o único critério de
seleção ou desclassificação de um candidato. Mas é fato que corporações de
setores mais tradicionais, como direito e engenharia, costumam ter restrições
com a tatuagem. Então, caso o futuro profissional ainda não tenha feito o
primeiro desenho, vale pensar se o perfil do emprego que deseja condiz com o
adorno.
Foto:
Bobby Fabisak/JC Imagem
Para
evitar problema no trabalho, Manuela Melo costuma
cobrir os desenhos do corpo
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Enquanto empresas de áreas como comunicação,
marketing, design, publicidade e programação estão mais propensas a aceitar
funcionários tatuados, escritórios de advocacia e entidades médicas, por
exemplo, têm certa resistência. “É por causa do segmento dos negócios. Não é
recomendável, por exemplo, que um advogado use piercing num tribunal. É aconselhável que ele tire o objeto”,
analisa a sócia e consultora da Ágillis RH, Eline Nascimento.
O tamanho e o local da tatuagem podem ser fatores
desfavoráveis para quem pretende entrar no mercado de trabalho. Como as
pinturas são feitas, na maioria das vezes, na juventude, e ainda não se sabe a
área e o local de trabalho, é bom fazer em locais que possam ser cobertos pela
roupa. “Não há problema em fazer, mas é preciso ter cuidado com a exposição,
até porque não temos como controlar o preconceito das pessoas no dia a dia”,
esclarece Eline.
Durante uma entrevista de emprego, ela aconselha ir
com uma roupa que não mostre a pintura. “E não precisa dizer que tem, isso não
é relevante. Importante são as competências, a experiência e a habilidade para
aprender”, destaca, salientando que caso a tatuagem seja critério de avaliação
profissional, é possível entender a decisão como “preconceito social”.
Integrante de um grupo de Pesquisa em Redes e
Telecomunicações da Universidade Federal de Pernambuco (UPFE), Manuela Melo, 42
anos, começou a tatuar o corpo em novembro de 2005, quando já estava nesse
emprego. Nove anos depois, ela já soma 15 desenhos, espalhados pelos braços, costas,
panturrilhas, perna e pé. “Como comecei a fazer no emprego e continuo nele, não
sei se teria dificuldade em encontrar outro”, diz. Apesar disso, ela é
prudente. “Costumo usar calças e saias e blusas longas para não chocar, porque
sei que algumas pessoas não veem com bons olhos. Quando as pessoas do trabalho
me veem na rua, com outra roupa e com as tatuagens à mostra, ficam surpresas”,
conta.
Para Manuela, o preconceito está diminuindo. “Hoje
melhorou muito o conceito em relação a isso. Acho que por causa dos artistas
que usam. Isso faz as pessoas não recriminarem. Para mim é uma bobagem, é como
se fosse uma vestimenta”, diz.
“Recomendamos que as empresas não discriminem
candidatos por causa da tatuagem. Afinal, seria o mesmo que escolher um
profissional apenas pelo fato de ele ser homem ou mulher, ou ser jovem ou
velho. Elas devem estar mais focadas na competência do profissional”, destaca a
consultora.
POLÊMICA TAMBÉM NOS CONCURSOS - Assim como no mercado de
trabalho a polêmica da tatuagem ainda persiste no universo dos concursos
públicos. Algumas instituições apontam em seus editais restrições quanto ao uso
dos desenhos no corpo. Na avaliação da especialista em concurso público e
proprietária do SOS Concurseiro, Letícia Nobre, a discriminação é feita por
motivos ilógicos. “A capacidade profissional da pessoa não é determinada por
uma tatuagem. Não vejo problema algum”, defende.
Fonte: NE10